Fechamos neste post, os conceitos de
Gestão e Governança de dados, com foco em PME. Nas publicações anteriores já
discutimos os pontos principais, seguindo uma espécie de roteiro direcionado
pelos corpos de conhecimentos da DAMA-DMBOK® e ideias de DMM. Hoje concluiremos
com :
6)Integração
e Interoperabilidade em PME
•
Pensar nas camadas da arquitetura e suas formas de
interoperação(formas de integração, mensagens, etc). Documente a arquitetura
usada no seu ambiente e no produto em desenvolvimento, sempre de forma prática
e fácil. Vale pensar em post-its,
desenhos artísticos/lúdicos, etc, desde que devidamente preservados e
identificados.
7)Dados
Mestres e Referências em PME
•
Pensar
na mesma linha já discutida nas partes #2 e #3-Arquitetura e Modelos, atentando
para o registro de dados considerados Mestres e Referenciais, em primeira fase.
Focar nos dados mestres existentes na sua ambiência, priorizando os de maior
criticidade e impacto, como por exemplo, Clientes e Produtos. Focar também nos
principais dados de referência: CEP, Códigos, CID, etc. Pratique essa visão de
dados sempre com a disponibilidade do seu oxigênio.
8)DW
e BI em PME
•
Considerar
que esse Corpo de conhecimento poderá ser demandado numa fase mais adiante, a
menos que a empresa startup esteja desenvolvendo o seu core em DW/BI;
•
Pensar
em estruturas mais simples, como Data Marts, ou cubos dinâmicos para serem
usados em registros e tratamento de métricas, como em ambientes de lean
startups, por exemplos;
•
Pensar
em informações gerenciais, com visualização “friendly” de dados, usando
ferramentas “frees” existentes, como por exemplo Pentaho, ou via assinatura de
produtos na nuvem(QlikView, Tableau, PowerBI);
9)Documentos
e Conteúdo em PME
•
Considerar
a gestão de dados documentais, criando estruturas de Pastas para armazenamento
de emails, contratos, regras de compliance relativos ao produto, ou relativo às
regras da Aceleradora ou Incubadora, etc. Considerar uma forma de classificação
de diretórios e pastas que mapeie a realidade da sua empresa ou setor;
10)Metadados
em PME
•
Já
discutido no tópico de Arquitetura. Considerar um repositório simplificado com
glossário de negócios, com termos principais e suas definições. Buscar algo
simples, com eficiência de busca, como ferramentas livres, planilhas Excel,
etc. Se tiver capacidade, a PME poderá focar em outros níveis de
metadados(lógico, físico, operacional), mas nesse momento valem os metadados de
negócios;
11)Gestão
de Qualidade de Dados
•
As
empresas emergentes e PME devem refletir que aqui se fala de algo que
transcende o tamanho das empresas. A qualidade de dados é fator fundamental nas
tomadas de decisões, ambiente de “compliance”
e gerência de riscos, independentemente do porte da organização.
Empresas PME e nascentes, que vivem num ambiente de alta incerteza deverão,
ainda mais, estar atentas a esse item da GD. Para tal, auditoria de qualidade
via processos de “Profiling” e correções
via “Cleansing” são fundamentais. De
novo, é importante priorizar os dados mais críticos e sensíveis da empresa,
para realizar, de início, uma gestão de qualidade que seja factível. Não tente “boil
the ocean” e foque nos dados mais sensíveis;
•
Auditoria
por QA. As auditorias eventuais, realizadas por alguém com chapéu de QA(Quality
assurance) poderá instilar nas empresas(mesmo nas menores) o senso de tentar
fazer certo pela primeira vez(princípio do Lean), evitando desperdícios e
retrabalhos. As funções de QA(Garantia de qualidade), presentes nos modelos DMM
e MPS podem ser uma boa ideia para um início de vida organizacional com mais
apuro na realização dos processos importantes da empresa.
Resumo: Uma PME pode e deve se
preocupar com seus dados, mesmo com recursos limitados. Não é necessário ter uma
estrutura de Gestão e Governança de uma grande empresa para começar a dar os
primeiros passos em direção à uma organização que pode sustentar os seus
negócios, conhecendo um pouco mais os seus dados. Dentre os corpos de
conhecimentos discutidos, alguns são mais exequíveis do que outros numa PME e,
por isso, deverão ser priorizados. Pense naqueles que podem ajudá-lo na
gerência dos seus riscos mais ameaçadores. Veja , por exemplo, o link http://goo.gl/IJ6QaF , onde se evidencia a
fragilidade das PME(SMB´s) com relação à
invasões de dados. Considere os seus dados como elementos organizacionais e não
como elementos colaterais de códigos e de Create tables e veja onde a sua PME
poderá se valer desses conceitos de GD. No futuro, você se certificará que
valeu a pena.... A figura 01, a seguir ,
mostra na forma de Post-IT, um resumo prático de como as PME podem começar a
pensar nos seus dados, num conceito de MGD-Ágil, associado aos aspectos de
UAAI-Learning(Para detalhes, veja no Slideshare link http://goo.gl/ijSzcX).
Isso foi colocado na apresentação que fizemos para as PME´s na Fumsoft, acerca
de Gestão e Governança de dados, na primeira de uma série de interlocuções que
pretendemos desenvolver com esse segmento de organização.
Dados
como Business-Alternativas em PME
Um outro aspecto importante a se considerar na relação
startups e dados é justamente o fato dessas empresas emergentes poderem fazer
dos dados o seu “core business”. Nos EUA, com o governo Obama, foram colocados
à disposição, como Open Data, diversos arquivos sobre assuntos variados de
interesse da comunidade. Em 2013, por exemplo, 389.000 arquivos foram
disponibilizados para uso público. Ver detalhes no endereço http://www.kdnuggets.com/datasets/government-local-public.html
. Nesse endereço há inúmeros data sets disponibilizados, com dados de âmbito
nacional, estadual e municipal de todo os EUA.
É justamente nesta brecha que muitas startups estão começando a sua
vida, com sucesso. Aplicações como Crimespotting.org,
que mapeia os crimes da cidade de Oakland, na Califórnia, via um aplicativo que
se tornou referência na cidade. No Reino Unido, o site data.gov.uk, tem mais de 15.000 arquivos disponibilizados, nos mais
diferentes ramos do interesse público: saúde, transporte, meio-ambiente, etc.
Mais de 270 startups de lá já desenvolvem aplicativos usando esses dados. Uma
das áreas menos exploradas e com um apelo forte e sedutor para uma startup
seria, por exemplo, um produto que possibilite a gerência de dados de água(water
management). No Brasil há o site dados.gov.br,
onde podem ser encontrados dados públicos de qualquer natureza e agora o
retorno do Data Viva, lançado pela Fapemig em colaboração com a UFMG (dataviva.info) .
Data
VIVA e as PME
O DataViva é uma base de informações de natureza variada.
Contempla dados sociais, econômicos, escolares, vocação industrial, tipos de
produtos por setor econômico, dados da RAIS(informações de natureza
trabalhista), etc. Inicialmente focado no estado de MG, o programa gradativamente
está agregando outros estados da
federação. O programa prevê a incorporação gradativa de novas bases de
dados como o DataSus (dados do sistema
único de Saúde). Possui hoje cinco grandes bases de dados, com 11
aplicativos de visualização de dados e tem dados de todos os municípios
brasileiros.
Esse projeto se apresenta como uma grande fonte de
oportunidades para startups e PME que podem desenvolver “apps” inteligentes, baseados em mining e analytics,
a fim de se prospectar correlações escondidas e necessárias entre diversas
fontes de dados, com alto valor
potencial de mercado. A riqueza de informação escondida numa fonte desta natureza
está longe de ser conhecida e explorada no Brasil. Seria o momento de uma
esquadrilha de startups/PME partirem para a criação de produtos de inteligência
inferencial, incrementando as áreas de inovação em dados. Hoje, o sistema
oferece um conjunto de buscas que mostra os dados sobre fatos que já passaram.
O momento é a busca inferencial, tentando adivinhar o futuro, via esses
preciosos ativos...
Conclusões:
A Gestão e governança de dados em empresas PME ou nascentes
deverá ser buscada, se não com o intuito de uma implementação plena, mas com o
objetivo de aculturamento e preparação para o futuro. Há espaços para
movimentos construtivos em direção a um maior controle de dados, mesmo com
certas limitações de recursos e com um foco reduzido e simplificado. Patrocínio
atrelado à motivação, atribuições pessoais ao invés de estruturas formais,
controles realizados de forma coloquial em reuniões periódicas já existentes
(“data meetups”), poderão tirar as empresas menores de um limbo , onde os dados
continuam como elementos acessórios. Empresas que ousarem ter um controle
melhor de seus dados ganharão na sua gestão e desenvolverão práticas que as
conduzirão a um futuro melhor controlado. Quando este chegar, os fantasmas de
Big Data e IoT(Internet das coisas) já
não serão tão amedrontadores. Outro caminho de afinidade com os dados será o
seu uso como elemento core de seus negócios, através da infinidade de
arquivos abertos e franqueados por
instituições públicas. Nos EUA e Europa
se diz: Data is the new oil, data is the new soil(Dado é o novo petróleo, dado
é o novo solo). Pense nisso...
Referências:
Amazon Web Services. Disponível em
aws.amazon.com.Acesso em : 01 mai 2016.
DAMA-DMBOK®-Guide
to the Data Development Body of Knowledge-First edition.
DAMA-DMBOK2-Framework-Março de 2014.
Data
Management Maturity (DMM) Model-CMMI Institute-2014-version 1.0.
Governança
Corporativa para pequenas e médias empresas”, Coordenação de Bernardo Portugal
e organizado por Lúcia Zimmermann. Editora LTR.
What
is cloud computing? A beginners guide. Microsoft
Azure. Disponível em azure.microsoft.com.Acesso em: 15 mai 2016.