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quarta-feira, 6 de julho de 2016

GD nas MPME-Governança e Gestão de dados nas micro, pequenas e médias empresas-Parte IV-Final


Fechamos neste post, os conceitos de Gestão e Governança de dados, com foco em PME. Nas publicações anteriores já discutimos os pontos principais, seguindo uma espécie de roteiro direcionado pelos corpos de conhecimentos da DAMA-DMBOK® e ideias de DMM. Hoje concluiremos com :
6)Integração e Interoperabilidade em PME
       Pensar  nas camadas da arquitetura e suas formas de interoperação(formas de integração, mensagens, etc). Documente a arquitetura usada no seu ambiente e no produto em desenvolvimento, sempre de forma prática e fácil. Vale pensar em  post-its, desenhos artísticos/lúdicos, etc, desde que devidamente preservados e identificados.
7)Dados Mestres e Referências em PME
       Pensar na mesma linha já discutida nas partes #2 e #3-Arquitetura e Modelos, atentando para o registro de dados considerados Mestres e Referenciais, em primeira fase. Focar nos dados mestres existentes na sua ambiência, priorizando os de maior criticidade e impacto, como por exemplo, Clientes e Produtos. Focar também nos principais dados de referência: CEP, Códigos, CID, etc. Pratique essa visão de dados sempre com a disponibilidade do seu oxigênio.
8)DW e BI em PME
       Considerar que esse Corpo de conhecimento poderá ser demandado numa fase mais adiante, a menos que a empresa startup esteja desenvolvendo o seu core em DW/BI;
       Pensar em estruturas mais simples, como Data Marts, ou cubos dinâmicos para serem usados em registros e tratamento de métricas, como em ambientes de lean startups, por exemplos;
       Pensar em informações gerenciais, com visualização “friendly” de dados, usando ferramentas “frees” existentes, como por exemplo Pentaho, ou via assinatura de produtos na nuvem(QlikView, Tableau, PowerBI);
9)Documentos e Conteúdo em PME
       Considerar a gestão de dados documentais, criando estruturas de Pastas para armazenamento de emails, contratos, regras de compliance relativos ao produto, ou relativo às regras da Aceleradora ou Incubadora, etc. Considerar uma forma de classificação de diretórios e pastas que mapeie a realidade da sua empresa ou setor;
10)Metadados em PME
       Já discutido no tópico de Arquitetura. Considerar um repositório simplificado com glossário de negócios, com termos principais e suas definições. Buscar algo simples, com eficiência de busca, como ferramentas livres, planilhas Excel, etc. Se tiver capacidade, a PME poderá focar em outros níveis de metadados(lógico, físico, operacional), mas nesse momento valem os metadados de negócios;
11)Gestão de Qualidade de Dados
       As empresas emergentes e PME devem refletir que aqui se fala de algo que transcende o tamanho das empresas. A qualidade de dados é fator fundamental nas tomadas de decisões, ambiente de “compliance”  e gerência de riscos, independentemente do porte da organização. Empresas PME e nascentes, que vivem num ambiente de alta incerteza deverão, ainda mais, estar atentas a esse item da GD. Para tal, auditoria de qualidade via  processos de “Profiling” e correções via  “Cleansing” são fundamentais. De novo, é importante priorizar os dados mais críticos e sensíveis da empresa, para realizar, de início, uma gestão de qualidade que seja factível. Não tente “boil the ocean” e foque nos dados mais sensíveis;
       Auditoria por QA. As auditorias eventuais, realizadas por alguém com chapéu de QA(Quality assurance) poderá instilar nas empresas(mesmo nas menores) o senso de tentar fazer certo pela primeira vez(princípio do Lean), evitando desperdícios e retrabalhos. As funções de QA(Garantia de qualidade), presentes nos modelos DMM e MPS podem ser uma boa ideia para um início de vida organizacional com mais apuro na realização dos processos importantes da empresa.
Resumo: Uma PME pode e deve se preocupar com seus dados, mesmo com recursos limitados. Não é necessário ter uma estrutura de Gestão e Governança de uma grande empresa para começar a dar os primeiros passos em direção à uma  organização que pode sustentar os seus negócios, conhecendo um pouco mais os seus dados. Dentre os corpos de conhecimentos discutidos, alguns são mais exequíveis do que outros numa PME e, por isso, deverão ser priorizados. Pense naqueles que podem ajudá-lo na gerência dos seus riscos mais ameaçadores. Veja , por exemplo, o link http://goo.gl/IJ6QaF , onde se evidencia a fragilidade das  PME(SMB´s) com relação à invasões de dados. Considere os seus dados como elementos organizacionais e não como elementos colaterais de códigos e de Create tables e veja onde a sua PME poderá se valer desses conceitos de GD. No futuro, você se certificará que valeu a pena.... A figura 01,  a seguir , mostra na forma de Post-IT, um resumo prático de como as PME podem começar a pensar nos seus dados, num conceito de MGD-Ágil, associado aos aspectos de UAAI-Learning(Para detalhes, veja no Slideshare link http://goo.gl/ijSzcX). Isso foi colocado na apresentação que fizemos para as PME´s na Fumsoft, acerca de Gestão e Governança de dados, na primeira de uma série de interlocuções que pretendemos desenvolver com esse segmento de organização.


Dados como Business-Alternativas em PME
Um outro aspecto importante a se considerar na relação startups e dados é justamente o fato dessas empresas emergentes poderem fazer dos dados o seu “core business”. Nos EUA, com o governo Obama, foram colocados à disposição, como Open Data, diversos arquivos sobre assuntos variados de interesse da comunidade. Em 2013, por exemplo, 389.000 arquivos foram disponibilizados para uso público. Ver detalhes no endereço  http://www.kdnuggets.com/datasets/government-local-public.html . Nesse endereço há inúmeros data sets disponibilizados, com dados de âmbito nacional, estadual e municipal de todo os EUA.  É justamente nesta brecha que muitas startups estão começando a sua vida, com sucesso. Aplicações como Crimespotting.org, que mapeia os crimes da cidade de Oakland, na Califórnia, via um aplicativo que se tornou referência na cidade. No Reino Unido, o site data.gov.uk, tem mais de 15.000 arquivos disponibilizados, nos mais diferentes ramos do interesse público: saúde, transporte, meio-ambiente, etc. Mais de 270 startups de lá já desenvolvem aplicativos usando esses dados. Uma das áreas menos exploradas e com um apelo forte e sedutor para uma startup seria, por exemplo, um produto que possibilite a gerência de dados de água(water management). No Brasil há o site dados.gov.br, onde podem ser encontrados dados públicos de qualquer natureza e agora o retorno do Data Viva, lançado pela Fapemig em colaboração com a UFMG (dataviva.info) .

Data VIVA e as PME
O DataViva é uma base de informações de natureza variada. Contempla dados sociais, econômicos, escolares, vocação industrial, tipos de produtos por setor econômico, dados da RAIS(informações de natureza trabalhista), etc. Inicialmente focado no estado de MG, o programa gradativamente está agregando  outros estados da federação. O programa prevê a incorporação gradativa de novas bases de dados  como o DataSus (dados do sistema único de Saúde).  Possui hoje  cinco grandes bases de dados, com 11 aplicativos de visualização de dados e tem dados de todos os municípios brasileiros.
Esse projeto se apresenta como uma grande fonte de oportunidades para startups e PME que podem desenvolver “apps”  inteligentes, baseados em mining e analytics, a fim de se prospectar correlações escondidas e necessárias entre diversas fontes de dados,  com alto valor potencial de mercado.  A riqueza  de informação escondida numa fonte desta natureza está longe de ser conhecida e explorada no Brasil. Seria o momento de uma esquadrilha de startups/PME partirem para a criação de produtos de inteligência inferencial, incrementando as áreas de inovação em dados. Hoje, o sistema oferece um conjunto de buscas que mostra os dados sobre fatos que já passaram. O momento é a busca inferencial, tentando adivinhar o futuro, via esses preciosos ativos...


Conclusões:
A Gestão e governança de dados em empresas PME ou nascentes deverá ser buscada, se não com o intuito de uma implementação plena, mas com o objetivo de aculturamento e preparação para o futuro. Há espaços para movimentos construtivos em direção a um maior controle de dados, mesmo com certas limitações de recursos e com um foco reduzido e simplificado. Patrocínio atrelado à motivação, atribuições pessoais ao invés de estruturas formais, controles realizados de forma coloquial em reuniões periódicas já existentes (“data meetups”), poderão tirar as empresas menores de um limbo , onde os dados continuam como elementos acessórios. Empresas que ousarem ter um controle melhor de seus dados ganharão na sua gestão e desenvolverão práticas que as conduzirão a um futuro melhor controlado. Quando este chegar, os fantasmas de Big Data e IoT(Internet das coisas)  já não serão tão amedrontadores. Outro caminho de afinidade com os dados será o seu uso como elemento core de seus negócios, através da infinidade de arquivos  abertos e franqueados por instituições públicas. Nos EUA  e Europa se diz: Data is the new oil, data is the new soil(Dado é o novo petróleo, dado é o novo solo). Pense nisso...        

Referências:

Amazon Web Services. Disponível em aws.amazon.com.Acesso em : 01 mai 2016.
A Beginner´s guide to cloud computing. Disponível em www.itportal.com. Acesso em: 12 mai 2016.

DAMA-DMBOK®-Guide to the Data Development Body of Knowledge-First edition.

DAMA-DMBOK2-Framework-Março de 2014.

Data Management Maturity (DMM) Model-CMMI Institute-2014-version 1.0.

Governança Corporativa para pequenas e médias empresas”, Coordenação de Bernardo Portugal e organizado por Lúcia Zimmermann. Editora LTR.

What is cloud computing? A beginners guide. Microsoft Azure. Disponível em azure.microsoft.com.Acesso em: 15 mai 2016.