Gwen Thomas (@gwenthomasdgi) é uma das mais conceituadas
consultoras em GD nos EUA, com participação
constante em quase todos os grandes eventos da área. Responsável pelo
DGI-Data Governance Institute (www.datagovernance.com) , uma organização focada para as práticas de GD e estratégia de
dados, com forte sabor de neutralidade com relação a ferramentas. O DGI possui
um framework, que será discutido abaixo, que serve como referência para
implementações de GD em diversas organizações . O site de Gwen apresenta uma série de
trabalhos sobre o assunto, com possibilidade de download e oferece ( pago) uma ferramenta dedicada para controle de atividades
no âmbito de GD . O site contém também uma série de “cartoons” a respeito do
tema, que mostram com traços de ironia as dificuldades de se implementar os
conceitos de DG. Ótimo para ilustrar palestras e aulas. Muito interessante no
site é uma área dedicada à comunidade que pratica de Data Governance e
Data Stewardship, cujo acesso exige pagamento de associação. Nessa área, o
profissional de DG poderá encontrar diversos exemplos práticos, envolvendo
cerca de 130 organizações em 16 países do mundo. Você poderá encontrar exemplos
de Políticas, Princípios, Padrões e Guias/procedimentos , além de exemplos de
estruturas organizacionais, detalhes de papéis, direitos e responsabilidades
sobre os dados. Desde agosto/2011 frequento essa área como sócio e muitas
ideias boas podem ser extraídas de lá, embora a quantidade seja grande e você
deverá ser focado e seletivo naquilo que está buscando. Um certo cuidado deve
ser observado com relação à data do material publicado e oferecido, muitos com
mais de 5 anos de existência, o que pode sugerir desatualização dos conteúdos. Considerando
que a GD é ainda uma área em formação, não deixa de ser uma fonte rica.
DGI-Framework
O
framework apresentado nesse trabalho (figura 5.1) é uma versão traduzida para
português do original, disponível no site do DGI, sem ônus. O conceito de Governança de Dados, segundo o framework de Gwen Thomas
é um sistema de direitos e responsabilidades para processos relacionados à
informação, executado em concordância
com modelos que descrevem quem pode realizar quais
ações com qual informação, quando, sob quais circunstâncias, e usando
quais
métodos. A autora busca a estratégia do 5W 2H e isso seria o “o que-what” da GD, dentro daquela visão.
O framework
de Governança de Dados mostra os componentes principais que embasam a proposta:
1)O Porquê
da GD(Why):A Governança de Dados, segundo Gwen Thomas, é definida para:
·
Proativamente
criar e alinha regras sobre dados;
·
Reagir às infrações dessas regras e resolver
pendências;
·
Proteger
e servir aos interesses dos “stakeholders” de dados, através de um apoio
contínuo;
O resumo
da ópera nesse ponto é que a GD é a legisladora, a mantenedora das regras e a
“resolvedora” de impasses sobre dados da
empresa, sempre protegendo o ativo fundamental que é o dado/informação.
·
Os
princípios da GD são, segundo o DGI:
o
Integridade;
o
Transparência;
o
Auditabilidade,
ou seja mecanismos definidos e planejados para se controlar o que foi
“acordado”;
o
Responsabilidade
(O termo adotado aqui é Accountability). Há uma diferença em inglês sobre
“responsability” e “accountability”. O primeiro é mais focado em quem tem a
responsabilidade por fazer alguma coisa no sentido de ter sido designado para
tal. Tem um sabor de compartilhamento, e todos tem, sob certo aspecto,
responsabilidades definidas no seu domínio de trabalho. Accountability, por outro lado, tem um
significado mais voltado para quem será cobrado por aquela ação. Pode ser
considerada como a responsabilidade sem compartilhamento e é definida como “the
ultimate responsability”. Nem sempre quem tem “responsability” tem “
accountability” por certas ações. Na língua portuguesa não há essas diferenças,
sendo ambas expressas pelo mesmo
vocábulo(responsabilidade);
o
Gestão(no
sentido de tomar conta-stewardship);
o
Controles
e equilíbrio no entendimento das
necessidades de dados dos stakeholders(aquelas áreas de TI e de Negócios
que coletam, criam, armazenam e manipulam informações, aquelas que usam
informações e aquelas que definem controles e regras de aderência, risco, segurança,
privacidade, de qualidade de dados, etc) . No framework esse princípio aparece
como “checks and balances”;
o
Padronização;
o
Gerência
de Mudança;
o
Dentro
do “porquê”, ainda existem os mandamentos universais da GD, suportados por
todas as atividades de GD :
§ Aumentar o faturamento/valor,
suportado por/pelo
·
Esforço
de governança relacionado à definição de dados e metadados e melhoria da
qualidade dos dados, normalmente via MDM
§ Gerenciar custo e complexidade,suportado
por/pelo
·
Esforço
de governança relacionado a endereçamento de problemas de integração de dados,
redução da redundância de dados, redução da complexidade organizacional e/ou de
sistemas e viabilização de SOA ou outras tecnologias e arquiteturas
§ Garantir a sobrevivência através da
atenção aos riscos e vulnerabilidades, suportado por /pelo
·
Esforço
de governança relacionado a controles de acesso e garantia de privacidade
·
Adequação
às exigências definidas por aspectos
regulatórios
·
Formalização
interna de controles e
·
Prevenção
contra desastres de dados
O resumo
da ópera do “porquê”, também não traz novidades com relação à essência da GD e
de suas motivações: qualidade de dados vista na sua pluralidade(integridade,
documentação/metadados, disponibilidade, controles, etc ) implicando valores de
negócios, manifestados sob diversas óticas: segurança, privacidade, regulações,
riscos .
2)O Onde
(Where): Definir claramente que áreas deverão ser foco prioritário dos
trabalhos de GD. O DGI define algumas áreas:
·
Qualidade
de dados;
·
Fluxo
e Integração de informações;
·
Definição
de dados;
·
Riscos
e controles;
·
Segurança;
·
Privacidade;
·
Gerência
de Acesso;
·
Aderência
a regras e padrões(compliance);
·
Suporte
para SOA e MDM;
·
Tomadas
de decisões executivas, onde se lê BI/DW e assemelhados
Resumo da
ópera: O onde, ou seja os domínios nos quais a GD deverá se concentrar se
ajustam claramente ao “porquê” anteriormente definido, mostrando domínios
sensíveis dentro do espectro dos dados.
3)Quando
(When): Todos os processos “que governam os dados” tem componentes para ser
endereçados durante cada uma das sete(7) fases da Governança de dados:
·
Desenvolver
valores para a GD;
·
Preparar
um “roadmap” , ou seja planejar os passos a seguir;
·
Planejar
as ações e os recursos financeiros;
·
Projetar
o programa de GD;
·
Implementar
o programa de GD;
·
Governar
os dados;
·
Monitorar,
medir e reportar.
Resumo da
ópera: Aqui, dentro do When(quando), a idéia é o estabelecimento de um plano de
implementação de GD, definido no mais puro estilo do ciclo PDCA(Plan-Do-Check-Act).
4)Quem(Who):
Envolve a definição dos principais stakeholders:
·
Stakeholders
de dados;
·
Escritório
de Governança de dados(DGO);
·
Gestores
de dados (data stewards) ;
Resumo da
ópera: O “Who” também obedece a uma conformação organizacional que , cada vez
mais, é encontrada nas implementações de GD. A definição de três camadas, sendo
a primeira numa espécie de conselho(não muito claro na proposta do DGI, que
genericamente cita stakeholders de dados), no meio tendo um tipo escritório de dados(DMO, aqui
denominado DGO) como gerência tática e os gestores de dados(data stewards),
normalmente lotados nas áreas foco do projeto e prioritariamente dentre as mais
sensíveis do ponto de vista de dados, com as ações operacionais.
5)O
Quê(What): Definir os aspectos relacionados a direitos de decisão,
responsabilidades, e mecanismos de controle, baseado nas Políticas e diretrizes
definidas;
Resumo da
ópera: O “o quê” estabelece, nesse ponto, os elementos essências de responsabilidade e se completa com o “como” no próximo item,
dando maior detalhamento no processo de GD em si.
6)Como(How):
Significa os processos a serem aplicados para se governar os dados:
·
Alinhar
políticas, requisitos e controles;
·
Estabelecer
direitos de decisão;
·
Estabelecer
responsabilidades;
·
Realizar
a gestão dos dados(via gestores, ou data stewards);
·
Gerenciar
mudanças;
·
Definir
dados;
·
Resolver
pendências;
·
Especificar
requisitos de qualidade de dados;
·
Mapear
a governança para a tecnologia;
·
Definir
os aspectos (cuidados) relacionados aos stakeholders:
o
Comunicação(
C ), Acesso a informação(A), Manutenção de registros ( R ), Educação e Apoio (
E ), observando o impacto em 4 níveis( Programa/Empresa, Projeto/Departamento, Disciplina
profissional e Pessoal
Síntese: O Framework do DGI é estruturado
sobre conceitos, na estratégia de 5W e 2H e exige um certo desdobramento e
entendimento na sua aplicação. Serve mais como um guia maior mas não oferece um
passo a passo que possa facilitar a sua implantação, respeitando o propósito de
qualquer modelo, que é servir como referência. Se analisarmos os seus
ingredientes fundamentais observa-se que a essência dos conceitos de GD estão
presentes e muitos de seus elementos são comuns e aparecem em outras
proposições, embora com nomes/contextos ligeiramente diferente. Um dos grandes
valores agregados do framework, além da visão pictórica oferecida, é o seu site e a área de práticas em GD e Data
Stewardship, que contém um material rico em exemplos aplicados em várias
empresas de domínios diferentes. Vale a pena dar uma olhada.