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sábado, 28 de maio de 2016

GD nas MPME-Governança e Gestão de dados nas micro, pequenas e médias empresas-Parte I.

Pensar em Governança e gestão de dados nas startups e nas médias e pequenas empresas, tem algum sentido? Essa pergunta, com traços de certa ousadia e provocação, pode causar indagação, na medida em que se observa que tais práticas (GD) estão acontecendo, na esmagadora maioria das vezes, em “grandes empresas” lá fora. Aqui no  Brasil, o conceito de GD está ainda sendo pensado em poucas empresas, normalmente grandes, mostrando toda a sua incipiência, com “c”. Por outro lado, essa provocação poderia ser também considerada uma boa oportunidade, a fim de atiçarmos o assunto, desde cedo, falando para os pequenos empreendedores sobre a importância de se cuidar dos dados. Seria uma espécie de aconselhamento de base, digamos mais profilática, a fim de se evitar, no futuro, os problemas que já começam a aterrissar em grande parte das empresas por ai. O absoluto descontrole sobre os dados atuais, potencializado pela chegada dos fenômenos Big Data e IoT(Internet das Coisas). Esse assunto(GD para PME´s e startups)  ainda não chegou ao palco de discussões nos EUA, pelo menos nos seminários e eventos de que tenho participado e também acompanhado. Mas entendo que há espaço para tal. A Fumsoft tem uma das mais importantes aceleradoras do Brasil e a ideia surgiu dentro desse contexto, quando, por algumas vezes, fui convidado para falar para os pequenos empreendedores sobre Big Data, por exemplo. Claro que eles chegam ávidos por saber qual o melhor Banco de dados NOSQL ou se Hadoop e Spark são opções excludentes. Nesses encontros, aproveito a oportunidade para falar um pouco mais para os colaboradores que formam uma empresa emergente, sobre esse ponto crucial de pensar os dados, um pouco mais conceitualmente e atrelado aos negócios. Só depois é que deveríamos discutir a sua morada física nas estruturas mais adequadas de Big Table, Chave-Valor, Documentos ou Grafos complexos,etc,etc. Isso, claro, não é trivial, pois uma startup está mesmo querendo, por motivos óbvios, é uma solução imediata de seus problemas. Nesse contexto, profilaxia e prevenção não são as maiores prioridades. Coordeno na Fumsoft, um grupo de consultores em Processos e Dados e já há planos para fazermos algo mais formal para essa meninada brilhante e inovadora, abordando conceitos de Gestão e Governança de dados para esse tipo de empresa. E a pergunta, que não se cala é : Empresas Startups, micro e pequenas, não precisam cuidar dos seus dados? Essa é a provocação central. Não seria no mínimo profilático instilar as ideias sobre a importância dos dados e de certo nível de controle sobre eles, a fim de que as empresas, depois da fase “placenta”, já tenham certos procedimentos mínimos de controle desses ativos? Para contextualizar devemos lembrar que 94% das empresas no Brasil são PME. Na Europa, segundo Moll(2013), constituem 99,8%, assim distribuídas: 92,2% são micros com de 1 a 9 funcionários, 6,5% são pequenas com de 10-49 empregados e 1,1% são médias, com de 50 a 249 empregados. As grandes empresas ocupam 0,2% das empresas europeias. Assim, se restringirmos o debate de Governança, Gestão e Qualidade de dados ao ambiente de grandes empresas, estaremos tratando do assunto num ciclo bastante reduzido e perdendo uma excelente oportunidade de melhorarmos os contextos de dados, nas empresas que, pequenas hoje, poderão ser grandes amanhã. Claro, e seria desnecessário dizer que, esse tipo de empresa, por características de organizações  nascentes, tem uma série de limitações de pessoal e  de recursos gerais. Claro que essas empresas se encontram ainda em formação, buscando o seu caminho na esteira balançante das tentativas e erros. Claro que os seus processos estão ainda sendo escritos e reescritos, na medida em que erros e tropeços surgem no meio da trajetória, no melhor estilo lean-startup. Mas e daí? As empresas não podem ter uma planilha/ou umas páginas num “google sites” que faça o papel de seu glossário de negócios, contendo descrições de grandes conceitos de dados, envolvidos no seu business? Ou ter ali o conjunto de padrões definidos para nomes, processos, métricas, etc, associadas a dados? Esses conceitos de dados, diferentes dos processos que ainda estão em gestação, podem ser  estáveis. Uma empresa startup não poderia ter um modelo conceitual de dados, definido e documentado, pregado na parede contendo os principais blocos de dados do seu business? Não poderia ter uma visão simplificada, porém documentada, da arquitetura envolvida naquele sistema /aplicativo, que gerencia Taxis, Personal trainers, ou Personal stylists?. Não poderia ter uma visão ligeiramente mais bem documentada sobre segurança dos seus dados, acessos e pontos críticos sobre privacidade? Ou de “compliance” de dados do seu produto ou dela própria, com relação à Incubadora ou Aceleradora onde reside?  Uma empresa que adota o lean-startup, por exemplo, onde  a viabilidade mínima de  um produto (MVP) é buscada visando oferecer soluções para um mercado ou cliente ainda incerto, precisa de medidas para alcançar esta visão. E medidas, nada mais são do que dados definidos, coletados, armazenados, analisados e disponibilizados. O DMM(Data Management Maturity Model) do CMMI Institute(hoje ISACA), contempla processos para medições de dados, que passavam meio distantes no Dama-DMBOK1. Uma governança de dados digamos, otimizada, rápida e enxuta, conforme discutido anteriormente, poderia ser perfeitamente experimentada nesse contexto, que normalmente já usa preceitos de agilidade, na fase de desenvolvimento. Recentemente foi lançado no Brasil o livro “Governança Corporativa para pequenas e médias empresas”, pela editora LTR. O livro, escrito por vários autores, coordenado por Bernardo Portugal e organizado por Lúcia Zimmermann, trata de algo próximo disso. O livro aborda os conceitos da Governança Corporativa de forma geral e através desses elementos, observa-se uma forte  e potencial conexão com a Governança de dados. Os conceitos pilares de Governança Corporativa, como Transparência(disclosure), Equidade(fairness), Prestação de contas(Accountability) e Conformidade(Compliance) não poderão prescindir dos dados e informações geridas sob a ótica da dimensão de qualidade e de certa lupa mais controlada de gestão e governança de dados. Desses quatro elementos, a Prestação de Contas e a Conformidade estão fortemente associadas aos aspectos de dados em dimensões de disponibilidade, integridade, segurança, clareza, etc, conceitos presentes nas melhores práticas Dama-DMBOK e DMM. Esse assunto será desdobrado em futuras discussões que pretendemos realizar na Fumsoft, em conjunto com os emergentes de lá. Lembrando sempre do que nós ouvíamos quando meninos:  “É de pequenino que se torce o pepino”....

segunda-feira, 9 de maio de 2016

Modismos e paixões em tecnologia e metodologia


A Fumsoft, ao longo desses seus últimos anos, tem procurado levar aos seus associados e à comunidade mineira, elementos inovadores. Na área de melhoria de processos de software, a Fumsoft foi pioneira em Minas Gerais, lançando o MPS.BR-SW, que alcança hoje quase 100 certificações. As primeiras empresas a fazerem melhoria em Processos de Serviços (MPS-SV), em MG, são clientes da Fumsoft.
A Fumsoft também introduziu o modelo Certics em Minas, formando a primeira empresa certificada aqui. Na área de dados, foi também pioneira no estado, em treinamentos de Ciências de Dados, Hadoop, Governança de Dados, além do evento DataTalk e da primeira pesquisa feita sobre Gestão de Dados, no Brasil. Dessa forma, abriu um espaço fundamental para a discussão de outros domínios, além de serviços e processos. Essa é a sua missão.
Com os novos momentos, a Fumsoft está trazendo conceitos, visões e proposições, como Learning Shots, Lean e Lean Startup, visando criar abordagens mais evoluídas, demandadas pelo tempo, onde restrições, desperdícios e necessidades de otimizações são fatores primordiais. Tempos onde a visão conjunta dos “stakeholders” envolvidos cria um croquis mais bem definido dos problemas e das soluções desejadas, via o entrelace de suas percepções.
No último dia 25 de abril, a Fumsoft, seguindo esta trilha, realizou um evento inédito, LeanTalk, que teve como tema a “Abordagem Lean”, em pilares de Processos, Comportamentos, Finanças e Marketing.  Nascida em proposições da Toyota para a melhoria de seus processos automotivos, as ideias ganharam as áreas de TI de muitas empresas e continua a crescer, daí o interesse da Fumsoft em sua apresentação. Esse evento será recorrente e, brevemente, exploraremos mais o conceito Lean, apostando na sua aplicabilidade.
Ao longo de mais de 40 anos tenho testemunhado o aparecimento de novas proposições metodológicas e tecnológicas. Todas elas tiveram o seu momento de ápice, quando, após analisadas e adaptadas às necessidades e contextos das empresas, puderam ser utilizadas com sucesso. Lembro-me de Análise Estruturada (de Chris Gane), seguida pela Análise Essencial (de Palmer, McMenamim), sucedida pela Análise OO (de Booch, Rumbaugh e Jacobson). A elas, seguiram RUP (da IBM), trocada pelos métodos ágeis (Beck, Beedle, Cockburn, Fowler, Sutherland, etc), hoje, já em revisão e questionada por DAD-Agilidade Disciplinada (de Scott Ambler) e outros como Lean, Zen, etc.
O ponto mais importante a se observar nessas novas proposições é justamente a sua adequação à cultura da empresa, ao contexto existente (tempo e ambiência) e colocar um olhar crítico para se adotar o que de bom estão trazendo (e podem apostar, todas contribuem com novos conceitos e olhares inovadores) e atentar para aquilo que pode ser deixado de lado, se não em definitivo, pelo mesmo temporariamente. Isso vale para Lean, Agile, Data Science, Gestão de Dados, MPS, Big Data, etc.
Há alguns fatos observados, ao longo dessa estrada, que ilustram esses pontos. No lançamento do Java, pela Sun, num congresso, no início dos anos 90, havia fan-clubes formados, com gritos e alvoroços, dignos da presença de ídolos pop. Hoje, o Java é uma das linguagens bem-sucedidas, mas há outras tanto quanto. Quando o MPS-BR se encontrou com “Agile” pela primeira vez, houve apostas de que essas duas proposições, nunca se casariam, pelos princípios aparentemente opostos que carregavam. Adaptações e ajustes foram feitos por seus adeptos e, hoje, grande parte das 650 empresas certificadas MPS, usam Scrum, com absoluto sucesso.
Modismos ou paixões extremadas não são boas conselheiras, para temas de tecnologias ou metodologias. Nenhuma das soluções é “snake oil” ou bala de prata, para resolver sozinha todas as nossas dores. Todas elas, sem exceção, com melhorias propostas, sejam conceituais, ambientais ou procedurais, certamente têm algo importante para ser aproveitado e aplicado nos nossos ambientes. Não necessariamente para tudo, nem para todos os contextos. Basta olhar com um pouco mais de visão seletiva e deixar as paixões para rolar com os filhos no carpete da sala ou nos abraços com eles nas arquibancadas do Mineirão….