Objetivo:
Esse
trabalho objetiva analisar os pontos de evolução do DAMA-DMBoK® V2-Data
Management Body of Knowledge, 2nd edition, lançada em Julho de 2017 nos EUA,
pela DAMA-Data Management Association.
Recomendamos fortemente a aquisição
do Modelo Completo, que poderá ser feito no site da DAMA-Brasil(versão em
português-www.dama.org.br), ou no site da Technics Publications(versão em
inglês https://technicspub.com).
No evento DMC-LATAM 2017-Data Management Conference (18-19 de outubro,SP) a presidente
da DAMA International, Sue Geuens dará uma
palestra sobre DAMA-DMBoK® V2.
O objetivo, claro, não é detalhar o
modelo mas sim enfatizar os pontos de evolução que o colocam, na minha visão,
acima das melhores práticas mundiais de Gestão de dados, como DMM-Data
Management Maturity Model (CMMI Institute-ISACA) e DCAM-Data Management
Capability Assessment Model (EDM Council), além de analisar o seu upgrade com
relação ao DMBoK® de 2009. A objetivo central é fornecer uma visão sintética e
comentada tal como foi feito no trabalho publicado em 2013 (Uma visão sintética
e comentada do DMBOK, disponível no site da Fumsoft e acessível neste link: goo.gl/kqVSBk ).
Para a
realização deste trabalho, foram usadas as referências citadas no final,
respeitando os aspectos de direitos das publicações originais. Os textos foram
traduzidos pelo autor e não representa a tradução oficial da DAMA-BR. Alguns
diagramas aqui apresentados foram baseados nos existentes no DAMA-DMBoK® V2 e
adaptados pelo autor. Para
efeitos práticos esse trabalho faz referência ao DAMA-DMBoK® de 2009 como DMBoK1.
Esse
trabalho será dividido e publicado em partes:
A primeira parte
será uma análise introdutória sobre os novos conceitos trazidos pelo DAMA-DMBoK®
V2 e uma rápida comparação com os frameworks existentes.
DAMA-DMBoK® V2-Introdução:
•
Lançado
em julho de 2017, o DAMA-DMBoK® V2 foi escrito com uma grande gama de
colaboradores, inclusive do Brasil (Ademilson Monteiro, Antônio Braga, Carlos
Barbieri, Manoel Francisco Dutra, Mário Faria, Luciana Bicalho e Rossano
Tavares - Presidente da DAMA-Brasil e -Primary Contributor- do capítulo de
Qualidade de dados). Também mereceram destaque figuras importantes do ambiente
de Dados dos EUA, como Melanie Mecca(DMM), April Reeve, Danette McGilvray,etc,
•
Diferente
da versão DMBOK1, oficialmente The Dama Guide to the Data Management Body of
Knowledge(DAMA-DMBOK Guide), first edition que tinha os nomes de Mark Mosley, Michael Brackett, Susan
Earley e Debora Henderson, como destaques de capa, o DAMA-DMBoK® V2 não cita
autores específicos na capa. Todos os créditos foram referenciados internamente,
•
Há
uma justa menção em homenagem à Patrícia Cupoli, falecida em Julho de 2015, num
acidente automobilístico. Patrícia esteve várias vezes no Brasil (evento DMCLatam-SP)
onde aplicou as provas de CDMP-Certified Data Management Professional (quando
me submeti à elas em 2013 e 2014) e foi umas das grandes contribuidoras do
Modelo DMBoK®, em ambas as versões e também forte incentivadora das
certificações CDMP no Brasil.
DAMA-DMBoK® V2-Estrutura:
O modelo DAMA-DMBoK® V2 está estruturado em 17 capítulos, sendo que 11
estão relacionados com ás áreas de conhecimento (houve acréscimo de uma com
relação ao DMBOK1-Integração e Interoperabilidade), além de outros assuntos
relevantes, como Ética no tratamento de dados, Big Data&Ciência
de dados; Avaliação de maturidade em gestão de dados; Possíveis papeis
e organização da gestão de dados e Gerência de mudanças na gestão de
dados. Alguns desses capítulos, pelo aspecto temporal, são praticamente novidades,
quando comparados com o DMBOK1 (Big Data&Ciência de dados e Modelos de
maturidade) e outros foram expandidos e enriquecidos, transformando o DAMA-DMBoK®
V2 numa fonte, quase incomparável de referência em Gestão de Dados. Alguns pontos importantes para entendermos o
modelo:
–
O
DAMA-DMBoK® V2 apresenta uma formatação de ideias na forma de frameworks e se
vale de alguns exemplos como o Modelo de alinhamento estratégico e
o Modelo
de Informações de Amsterdam. O primeiro, proposto por Henderson e
Venkatraman, no fundo, fundamenta os direcionadores para uma abordagem de
implementação de gestão de dados. Tratam da dualidade Dado e Informação e de
seus relacionamentos e tem um forte conteúdo conceitual, com tangências entre Estratégias
de negócios, Estratégias de TI, Organização&Processo e Sistemas de
Informação. No fundo, versa sobre algo fundamental: a dificuldade de percepção
de valores de investimentos em TI, justamente pela falta de alinhamento desta
com os objetivos de negócios, somado com a falta de processos que mantenham
vivos esses laços de conexão entre os dois. Isso vem ao encontro do que temos
falado sobre a importância do Why(O Porquê), dos 5W2H em projetos de dados, que
deve vir sempre atrelado aos aspectos de negócios. Antes, por exemplo, da
empresa partir para um grande projeto de Big Data, pergunte sobre o “porquê” e
busque retornos convincentes para o “business” da empresa. Nunca crie um Data
Lake porque ele é algo diferente de um DW ou de um ODS;
–
O
Modelo
de Informações de Amsterdam, desenvolvido na Universidade de Amsterdan,
em 1997, tem como objetivo ser uma ferramenta de posicionamento e interrelação
entre funções de gerência de informação. Tem um eixo horizontal onde aparecem
três domínios de Governança, como Negócio,
Informação/Comunicação e Tecnologia e um eixo vertical onde aparecem os
níveis de profundidade da governança, como Estratégia, Estrutura e Operação.
–
Esses
dois modelos estabelecem alguns dos pilares conceituais do DAMA-DMBoK® V2, e
aparecem mais, na minha opinião, para dar uma certa tonalidade negocial e acadêmica
na proposição, que se centra mesmo no conhecido Framework do DMBOK1, com os
elementos já estudados até então, como o Diagrama DAMA(Dama Wheel) estendido
por outros elementos, além dos fatores Ambientais e do Diagrama de Contexto de
áreas de Conhecimento, este expandido.
DAMA-DMBoK® V2-Comparação:
O DAMA-DMBoK® V2 quando comparado com outros
modelos de referência em Gestão de dados apresenta algumas vantagens nítidas.
Vejamos os principais guias existentes, propostos por organizações neutras e
sem fins(diretamente) lucrativos:
– EDM-Council: O Modelo do EDM Council, da
Comunidade bancária/financeira, tem absoluta concentração nesta área. Fazem
parte do EDM Council, dentre outros, ABN AMRO Bank, Accenture, Abu Dhabi
Investment Authority, JP Morgan Chase&Co, Banco do México, Banco Santander,
Bank of America, Bank of Tokyo Mitsubishi UFJ, Ltd, etc. Oferece o
FIBOS-Ontologia para negócios da indústria financeira, além de um modelo de
avaliação(assessment) também com foco em processos dessa esfera. O EDM Council
chegou a fazer parceria com o DMM do CMMI Institute na elaboração das primeiras
versões do DMM, mas o casamento “desandou” e o DMM acabou nascendo sozinho, sem
o genoma do DCAM-EDM. As figuras 01 e 02
ilustram o EDM-Council e o DCAM.
Figura
01-Visão geral do EDM-Council, com os 3 grandes objetivos, adaptado pelo autor. Fonte: EDM-Council
Figura
02-Visão geral do EDM-Council-DCAM-Data Management Capability Model , com as
áreas de Gestão de dados, foco no ecossistema financeiro, adaptado pelo autor. Fonte: EDM-Council
–
DMM-Data Management Maturity Model: O Modelo DMM foi gestado no mesmo berço de onde saíram os
famosos modelos CMM e CMMI. (CMMI Institute da Universidade Carnegie Mellon) e
por isso prometia certo vigor. Acontece que por motivos não esclarecidos, o
CMMI Institute se desligou da Universidade Carnegie Mellon e foi adquirido e
tornado organização subsidiária do ISACA(Associação de Controle e Auditoria de
Sistemas de Informação), reconhecida pela paternidade do COBIT-5. Pelas
conversas que tenho tido nos Seminários e Conferências nos EUA, a impressão é a
de que o DMM ainda se encontra tímido e não decolou totalmente, como era de se
esperar. Lançado em 2014, no seu site aparecem somente dois casos de uso: Um da
Microsoft e outro da brasileira Neoway, de Florianópolis. Tendo sido o primeiro
modelo neutro de avaliação de maturidade em gestão de dados (os outros
existentes gravitavam em torno de instituições de consultoria e de software), o
DMM tem potencial de crescimento, inclusive no Brasil, mas esbarra no alto
custo de mão de obra para formação de especialistas, toda ela obrigatoriamente
formada em vários treinamentos nos EUA, com valores quase proibitivos. Na
essência, o DMM apresenta uma correta proposta de gestão de dados, oferecendo,
conforme a figura 03, seis (6)
Categorias e 25 Áreas de processos. O seu foco, entretanto, como os seus primos
mais antigos(CMM e CMMI) é mais de um guia para assessment(avaliação), embora
através dos suas práticas funcionais e práticas de infraestrutura divididas em
níveis, sugira possíveis formas de implementação. Mas, mesmo assim, continua
com forte sabor de um método para se saber onde estamos (ONCOTÔ) em termos de
Gestão de Dados, e não de como, diretamente, podemos chegar lá (PRONCOVÔ). Pode
ser usada com o DMBOK®V2 como elemento de verificação inicial, antes de se
aplicar as práticas da DAMA.
Figura
03-Visão geral do DMM-Data Management Maturity Model, com as 6 Categorias e os
níveis de capacidade, adaptado, pelo
autor. Fonte: DMM-Data Management Maturity Model-CMMI Institute
Figura
04-Visão geral do DMM-Data Management Maturity Model, com as 6 Categorias e 25
áreas, adaptado pelo autor. Fonte: DMM-Data Management Maturity Model-CMMI Institute-Versão
Português.
DAMA-DMBoK® V2-Resumo:
–
Por
esse prisma, baseado na figura 05, observa-se que o DAMA-DMBoK®V2, além de
trazer o guia estruturado agora em 11 Áreas de Conhecimentos, amplamente
discutidas e detalhadas, também traz uma luz sobre novos conceitos pouco(ou
nada) tangenciados nos outros modelos. A discussão sobre Ética no tratamentos
dos dados (fundamental com o crescimento da sociedade digital cheia de Big
data, IoT com riscos de possíveis problemas em Segurança e Privacidade), os
impactos culturais nas mudança exigidas por sua implementação(um dos fatores
críticos de GD), além de temas técnicos novos, como Big Data e Ciência de Dados,
o colocam, sem dúvida, numa posição de destaque com relação aos outros frameworks existentes.
A figura 05, a seguir, ilustra essa nova visão
do DAMA-DMBoK® V2, que detalharemos no próximo post
Figura 05-Visão
geral do DAMA-DMBoK®V2, adaptado pelo autor. Fonte: DAMA-DMBoK® V2
Notas:
DAMA-DMBoK®
e DAMA-DMBOK® V2 são marcas da DAMA International e DAMA Brasil.
DCAM é marca
do EDM-Council
DMM é marca
do CMMI-Institute
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