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sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

BI2-A inspiração e a arte de escrever podem ser “automatizadas” ?



Na revista Veja de 14 de Setembro de 2011, uma reportagem chama a atenção, se não pelo título “ O autor fast food”, mas pela forma inventiva e colaborativa que o escritor James Patterson, grande fabricante de best-seller, desenvolveu no seu domínio de criação. A “fera”  Patterson, que já vendeu mais de 230 milhões de exemplares, bate todos os outros  grandes autores juntos(Dan Brown, Stephen King etc) e hoje é o maior vendedor de livros do planeta. O grande lance do autor é a forma como escreve os seus best-sellers. Ele desenvolveu um processo de escrever livros de sucesso. Isso mesmo: um processo ágil, digamos assim. Ele projeta a ideia central da história, como que registrando o seu product backlog, faz um diagrama esquemático sobre o “ todo” do enredo e depois distribui para a sua equipe de colaboradores (em torno de 7), que desenvolvem as partes, que depois serão integradas pelo autor. O livro é desenvolvido em vários “sprints”  paralelos. Tal como um processo de software orientado a objetos e componentes, James Patterson criou o conceito de componentização de subenredos e integração contínua de inspirações. Claro que  algumas reuniões  periódicas(daily scrum, ou retrospective meeting) com a equipe de colaboradores garantem as interfaces dos componentes com o “trunk” principal. Com um faturamento estimado de US$84 milhões de dólares/ano, Patterson terceiriza e componentiza algo que os escritores de cepa nunca antes ousaram imaginar: a inspiração. Mas as coisas ainda vão longe, muito mais do que imaginam nossos tímidos neurônios ludibriados. Segundo o New York Times, de 10/09/11, foi lançado no mercado americano um produto de software da empresa Narrative Science, localizada em  Evanston, Illinois. Esse produto, fruto de muitos anos de pesquisa em data mining e inteligência artificial, cria textos, somente baseados em números e estatísticas montadas em tabelas. Por exemplo, se você entregar para ele uma tabela contendo o “scout” de um jogo de futebol, o programa será capaz de criar um texto escorreito, ou seja um conjunto de linhas que você juraria ter sido escrito por um bípede, como nós, e não por um algoritmo  entremeado por “uns” e “zeros”. Os autores, durante muitos anos foram os responsáveis pelo laboratório de Intelligent Information da Universidade de Northwestern, onde desenvolveram os conceitos e o código, capaz, pasmem, de gerar textos com narrativas perfeitas, prontos em alguns segundos, conforme  a observação atenta de alguns analistas e jornalistas. Como em todas as ocasiões quando algoritmos inteligentes geram coisas que até então somente nós fazíamos, sobressaltam as dúvidas: Esses softwares vieram aqui para ajudar ou para nos substituir? O jornalismo tradicional não foi(ainda) substituído pela tecnologia, mas ambos se dão muito bem, num estado marital, cada vez mais integrado. A publicidade digital (ainda) não varreu a publicidade impressa para debaixo da lata, e ambas (ainda) convivem harmoniosamente. Segundo os seus autores, a “idéia pincel”, como diz Caetano Veloso, é ajudar nos apressados  ambientes de redações, quando houver necessidade de maior produção de texto, sem o aumento do budget da editora ou do jornal. Algumas empresas como a Fox Networks e Big 10 Conference já adotam o produto visando a criação de textos sintéticos sobre jogos de baseball ou softball, colocados no web site depois de um minuto do final das partidas. Também “scouts”  de lutas de boxes, de futebol, basquete etc  tem sido transformados em textos  fluídos instantaneamente publicados. O produto, diga-se de passagem, é bem mais do que um simples criador de textos originado por algoritmos Java. Além de ser um produtor rápido de textos, o software também analisa dados passados, retidos nos seus Bancos de dados de textos e pode fazer inferências sobre “coisas”, como  jogos por acontecer, possibilidades de vitória.  Ou seja, o danado,  além de escrever rápido, ainda é capaz de ter um certo raciocínio inferencial.  Enquanto a primeira alternativa adotada por Patterson trabalha com inspiração distribuída para ganhar em escala, a segunda alternativa, via Narrative Science, automatiza a produção do texto, desde que a inspiração esteja na forma numérica e tabular. Em outras palavras, basta ter uns números em excel, para se produzir um texto word. Ou seja, daqui a pouco tempo, um texto como esse não será mais assinado por um Carlos Barbieri, mas sim por algo chamado de QuickText, ou FastText, ou WriteforMe . Nesse momento, estarei descansando na minha meia-água em Hope Woods, um condomínio fechado, verde e silencioso, bucólico e discreto, onde a vizinhança não atrapalha e ninguém admira o luar, nem critica o sol a pino. Fica no final da Cristiano Machado, nas imediações da fábrica da San Marino......

Um comentário:

  1. Barbieri.. putss que coincidência vamos ser vizinhos, eu também tenho uma propriedade em Hope Woods rsrsrs....
    E falando sério, bacana o post da componentização e automatização da ideia. Só não superou ainda, o post do consultor, aaah foi sensacional rsrsr.

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