Na revista Veja de 14 de Setembro de
2011, uma reportagem chama a atenção, se não pelo título “ O autor fast food”,
mas pela forma inventiva e colaborativa que o escritor James Patterson, grande
fabricante de best-seller, desenvolveu no seu domínio de criação. A “fera” Patterson, que já vendeu mais de 230 milhões
de exemplares, bate todos os outros grandes autores juntos(Dan Brown, Stephen King
etc) e hoje é o maior vendedor de livros do planeta. O grande lance do autor é
a forma como escreve os seus best-sellers. Ele desenvolveu um processo de
escrever livros de sucesso. Isso mesmo: um processo ágil, digamos assim. Ele
projeta a ideia central da história, como que registrando o seu product
backlog, faz um diagrama esquemático sobre o “ todo” do enredo e depois
distribui para a sua equipe de colaboradores (em torno de 7), que desenvolvem
as partes, que depois serão integradas pelo autor. O livro é desenvolvido em
vários “sprints” paralelos. Tal como um
processo de software orientado a objetos e componentes, James Patterson criou o
conceito de componentização de subenredos e integração contínua de inspirações.
Claro que algumas reuniões periódicas(daily scrum, ou retrospective
meeting) com a equipe de colaboradores garantem as interfaces dos componentes
com o “trunk” principal. Com um faturamento estimado de US$84 milhões de
dólares/ano, Patterson terceiriza e componentiza algo que os escritores de cepa
nunca antes ousaram imaginar: a inspiração. Mas as coisas ainda vão longe,
muito mais do que imaginam nossos tímidos neurônios ludibriados. Segundo o New
York Times, de 10/09/11, foi lançado no mercado americano um produto de
software da empresa Narrative Science, localizada em Evanston, Illinois. Esse produto, fruto de
muitos anos de pesquisa em data mining e inteligência artificial, cria textos,
somente baseados em números e estatísticas montadas em tabelas. Por exemplo, se
você entregar para ele uma tabela contendo o “scout” de um jogo de futebol, o
programa será capaz de criar um texto escorreito, ou seja um conjunto de linhas
que você juraria ter sido escrito por um bípede, como nós, e não por um
algoritmo entremeado por “uns” e “zeros”.
Os autores, durante muitos anos foram os responsáveis pelo laboratório de
Intelligent Information da Universidade de Northwestern, onde desenvolveram os
conceitos e o código, capaz, pasmem, de gerar textos com narrativas perfeitas,
prontos em alguns segundos, conforme a
observação atenta de alguns analistas e jornalistas. Como em todas as ocasiões
quando algoritmos inteligentes geram coisas que até então somente nós fazíamos,
sobressaltam as dúvidas: Esses softwares vieram aqui para ajudar ou para nos
substituir? O jornalismo tradicional não foi(ainda) substituído pela
tecnologia, mas ambos se dão muito bem, num estado marital, cada vez mais
integrado. A publicidade digital (ainda) não varreu a publicidade impressa para
debaixo da lata, e ambas (ainda) convivem harmoniosamente. Segundo os seus
autores, a “idéia pincel”, como diz Caetano Veloso, é ajudar nos apressados ambientes de redações, quando houver
necessidade de maior produção de texto, sem o aumento do budget da editora ou
do jornal. Algumas empresas como a Fox Networks e Big 10 Conference já adotam o
produto visando a criação de textos sintéticos sobre jogos de baseball ou
softball, colocados no web site depois de um minuto do final das partidas.
Também “scouts” de lutas de boxes, de
futebol, basquete etc tem sido
transformados em textos fluídos instantaneamente
publicados. O produto, diga-se de passagem, é bem mais do que um simples criador
de textos originado por algoritmos Java. Além de ser um produtor rápido de
textos, o software também analisa dados passados, retidos nos seus Bancos de
dados de textos e pode fazer inferências sobre “coisas”, como jogos por acontecer, possibilidades de vitória.
Ou seja, o danado, além de escrever rápido, ainda é capaz de ter
um certo raciocínio inferencial. Enquanto
a primeira alternativa adotada por Patterson trabalha com inspiração
distribuída para ganhar em escala, a segunda alternativa, via Narrative
Science, automatiza a produção do texto, desde que a inspiração esteja na forma
numérica e tabular. Em outras palavras, basta ter uns números em excel, para se
produzir um texto word. Ou seja, daqui a pouco tempo, um texto como esse não
será mais assinado por um Carlos Barbieri, mas sim por algo chamado de
QuickText, ou FastText, ou WriteforMe . Nesse momento, estarei descansando na
minha meia-água em Hope Woods, um condomínio fechado, verde e silencioso, bucólico
e discreto, onde a vizinhança não atrapalha e ninguém admira o luar, nem
critica o sol a pino. Fica no final da Cristiano Machado, nas imediações da
fábrica da San Marino......
Blog que objetiva a discussão de conceitos de Governança e Gestão de Dados com os serviços de DM (Data Management) associados(Arquitetura,Modelagem de dados,BD,DWBI,MDM,DNE,Qualidade de dados,Metadados,etc) Também aspectos de maturidade via modelos MPS.BR,CMMI(ambos para Eng de SW) e DMM (Dados), além das novas formas e influências dos dados na sociedade digital.
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Barbieri.. putss que coincidência vamos ser vizinhos, eu também tenho uma propriedade em Hope Woods rsrsrs....
ResponderExcluirE falando sério, bacana o post da componentização e automatização da ideia. Só não superou ainda, o post do consultor, aaah foi sensacional rsrsr.