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sábado, 28 de janeiro de 2012

BI2-BI e a Governança de Dados- A interseção



Quando eu trabalhava na Cemig, me envolvendo com os bancos de dados que davam suporte aos sistemas  de faturamento e arrecadação, um dos assuntos que sempre vinha à tona era a medição dos valores de consumo de energia. O processo era absolutamente manual, com a figura do leiturista percorrendo rotas pré-definidas, por onde ele ziguezagueava pelos bairros, realizando a leitura dos valores de consumo, numa espécie de “ tête a tête”  com os medidores. Medidores são aqueles aparelhos que ficam escondidos atrás de umas portinholas metálicas, com cara de relógio que não marcam horas e  com escalas que não entendemos claramente. São aqueles reloginhos cujos ponteiros gostávamos de ver numa espécie de corrida circular, quando pequenos. Esses marcadores numéricos ou digitais apontam valores que são transferidos para uma folha de anotação que o leiturista traz, já com a identificação da chave do consumidor. Por vezes, esses processos eram interrompidos por cães ferozes que surgiam de repente no alpendre das residências, fazendo com que os leituristas se tornassem uma espécie de fortes candidatos aos jogos olímpicos, na modalidade 50 metros, ou salto com obstáculos. Esse processo continua até hoje, mas já ganhou tons de modernidade. Hoje já é possível que o registro de consumo  seja feito através de leitores remotos, num diálogo bluetooth,  ou pela transmissão de rádio-frequência, evitando assim que o leiturista tenha que se postar defronte aos medidores. Isso não impede a sua visita aos pontos de consumos, embora permita evitar confrontos desconfortáveis com rotweilers pouco sociáveis.
Em 2012, a SCE(Southern California Edison), gigante  elétrica da região mais importante do oeste americano, começará uma nova fase, com a implantação dos SmartReaders , ou seja os leitores inteligentes, para mais de 5 milhões de seus consumidores. Os leitores inteligentes são equipamentos digitais instalados no ponto de consumo, que funcionam como um ponto da rede elétrica e também um “ nó” da rede de dados. Ou seja, os medidores farão parte de uma rede de dados que conectará cada ponto de consumo à empresa, permitindo a leitura de hora em hora para consumidores residenciais e de 15 em 15 minutos para consumidores comerciais. Essa nova topologia permitirá a transformação da rede elétrica tradicional num conceito de smart grid, onde os elementos de engenharia elétrica(transformadores, disjuntores,etc)  que formam uma rede de  transmissão e distribuição serão conectados de forma muito mais inteligente do que por elementos eletro-mecânicos.
Bom, mas qual a correlação disso tudo com BI, Governança de dados e Big Data? Simples:  Com relação a Big data, as empresas elétricas se prepararam com o advento do smartmeter, para uma nova ordem de armazenamento de dados de consumo. Vamos considerar a ocorrência de 24 leituras por dia, multiplicadas por 365 dias por ano, para os mais de 5 milhões de consumidores. Considerando que os dados medidos tenham, por exemplo 1000 bytes, teremos aproximadamente   50TB por ano. Isso habitará um  Data Warehouse que integrará dimensões tempo(data-hora-minuto-segundo), localização(referências geográficas do ponto de consumo), identificação do ponto de rede elétrica, com os fatos armazenando as diferentes leituras das variáveis elétricas, conforme o modelo dimensional, a seguir, que ilustra o conceito. Com a montagem desses dados na forma dimensional, a empresa agregará valor através da possibilidade de acesso, via internet, dos consumidores aos seus dados. Assim, cada consumidor poderá  rapidamente obter o seu perfil  de consumo, por hora do dia, ou por dia da semana, ou por mês do ano, moldando o seu comportamento de consumidor e podendo reduzir ou otimizar seus gastos na conta. A empresa, por outro lado, poderá, através de promoções enviadas aos consumidores, modificar tarifas em tempo quase real, definidas em função do horário de consumo, incentivando os consumidores a , por exemplo, tomar banho, fora do horário de pico, e consequentemente, pagar menos. Com os dados em grande quantidade, os indicadores de interrupção nos domínios de duração e frequência também poderão ser facilmente obtidos, definindo de forma mais clara o nível de SLA que a “utility” oferecerá aos seus consumidores. Os aspectos de Governança entram na equação, forçando a empresa  a definir procedimentos de dados, aspectos de segurança na transmissão e no armazenamento, padronização de metadados, uso dos dados , regulações vigentes sobre o assunto e os riscos que implicarão esse novo volume de dados. E assim, os pulsos  analógicos da rede elétrica se encontrarão com os bits da rede de dados, transformando a grande grade inteligente(smart grid) em zeros e uns. Logo, logo os pontos de consumo ganharão um endereço IP e a grande aldeia global estará mais chique e menos choque!

Figura-Modelo dimensional


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