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sexta-feira, 21 de outubro de 2011

BI2-Big Data- Parte VI- Os Big Data e as melhorias sociais.



Imagine um grande pais, com visível potencial tecnológico, uma vasta extensão territorial, com alto grau de pobreza e como consequência(ou causa?) uma enorme taxa de corrupção. Agentes políticos intermediando e desviando recursos que deveriam chegar às camadas mais necessitadas. Problemas de pessoas não identificadas, envolvidas involuntariamente, laranjas, fantasmas etc. Desenhou o cenário? Pensou em algo da sua vizinhança? Pois bem, não é nada disso. Estamos falando da Índia, que se prepara nesse momento para aplicar conceitos de Big Data, se não na solução, pelo menos na mitigação desses problemas. Como? Através de um grande projeto de Banco de Dados que objetiva o cadastramento de 1,2 bilhão de indianos, contendo dados como nome, endereço, sexo, data de nascimento, além de 10 impressões digitais e de duas impressões de íris. Associado a esses dados estruturados e não estruturados, uma PK(chave primária, chamada de adhaar) de 12 dígitos complementará o gigantesco acervo de informações, no qual o governo joga suas esperanças de acabar com o anonimato de muitos milhões de indianos, residindo, na sua grande maioria, abaixo da linha de pobreza. O Banco de dados poderá ser acessado de qualquer ponto do país, via rede telefônica/móvel e permitirá que os mais pobres possam ter acesso a contas bancárias, programas de apoio do governo e outros benefícios, hoje negados pela espessa máquina burocrática que cria dificuldades para vender facilidades, num modelo há muito praticado por países de nossa visceral intimidade.
Números: O projeto foi planejado para 10 anos, ao um custo aproximado de US$3 por identificação, o que leva a inimagináveis quase 4 bilhões de dólares, significativo principalmente para um pais que tem mais que tem 400 milhões de pessoas na linha da miséria e em que 50% de suas crianças abaixo de 5 anos estão na categoria de abaixo do peso natural. Mas o povo indiano tem , nesse projeto, o apoio e solidariedade dos grandes magnatas da informática, muitos deles responsáveis por aquela que é considerada  a segunda maior economia em crescimento do mundo. O Banco de Dados, resultante do projeto, conterá 1,2 bilhão de registros, 10  bilhões de impressões digitais e 2,44 bilhões de imagens de íris. Esse depósito, será, muito maior do que o atual BD chamado  US-Visit, aquele que registra impressões e informações de mais de 100 milhões de visitantes que chegam aos EUA, pertencente ao Homeland Department. Aquele mesmo que armazena as suas digitais, quando você chega à Nova Yorque, por exemplo e fica naquela fila, misturado a uma população de estrangeiros, sonhando com a Big Apple.
Gerentes: Para viabilizar um projeto dessa magnitude, o Governo Indiano foi buscar o apoio financeiro e a competência técnica no seu Vale do Silício(região de Bangalore), de onde trouxe Nandam Nilekani, o mentor da gigantesca Infosys, um conglomerado mundial de 130.000 colaboradores e faturamento na casa de US$30 bilhões anuais e que está aqui também, bem pertinho de nós, em Belo Horizonte, onde possui um núcleo atuante.
Oposição: Claro que existem muitas forças contrárias ao projeto. Desde a estrutura burocrática do estado indiano, parte dela interessada na manutenção do “modus operandi” atual,  que produz as proteínas necessárias para engordar a corrupção, até os movimentos de preservação de segurança e privacidade.
Essa é mais uma visão de Big Data e o potencial de seu uso. Um conjunto gigantesco de dados, devidamente limpo e estruturado em sistemas acessíveis, via cidadão comum, atendendo objetivos inspiradores, que focam a pessoa e sua qualidade de vida. Os dados em altíssimo volume podem contribuir para se estabelecer a verdade dos fatos de forma mais apurada. Permitem análises sobre amostras mais representativas, proporcionando um maior rigor analítico. É importante ressaltar que  de nada vale todo um acervo estratosférico de dados se não houver preceitos de qualidade aplicados a eles e também  sobre os players(coletadores,  atualizadores, administradores e analisadores) de um projeto dessa natureza. Imagine a dificuldade de aplicação de um projeto dessa magnitude por aqui. A começar pela falta de vontade de se resolver problemas com efetividade, preferindo-se sempre o assistencialismo adocicado que pouco contribui, além da terrível  possibilidade de se entregar esses trabalhos para as ONGS, que se regalariam com os bilhões de seu orçamento.

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