Total de visualizações de página

segunda-feira, 6 de março de 2017

Governança e Gestão de dados na prática-Parte II


No texto anterior, falamos sobre os principais problemas de dados que ocorrem numa organização e , de maneira geral, algumas abordagens para tratá-los. A partir de agora, continuaremos com a Parte II até a Parte VII, detalhando a aplicação prática de Gestão e Governança de Dados nas empresas, e exemplificando com um caso real.

Na parte II falaremos da introdução aos métodos de aprendizados baseados em 5W2H
Nas partes III e IV falaremos sobre o Canvas MGD, tratando de todos os seus detalhes, com exemplo prático
Nas partes  de V a VII falaremos do Canvas do P´s da GD.


Conceito de GD:
Há dezenas de definições sobre Governança de Dados. Para todos os gostos e visões. De forma bem simplificada, a Governança de dados é um conjunto de práticas, dispostas num framework, com o objetivo de organizar o uso e o controle adequado dos dados, como um ativo organizacional. Seria, por assim dizer, uma forma de botar ordem na casa com relação aos aspectos de dados, visando disponibilidade, integridade, consistência, usabilidade, segurança, controle etc. A figura 01 mostra, essa definição, fundamental para iniciarmos as discussões sobre sua aplicação prática, destacando os P´s(conceitos) que embasam a Governança de dados.


                                                 Figura-01-Governança e Gestão de Dados

Implantação de GD:
A implantação de Governança de Dados numa empresa exige alguns aspectos de cuidados, por um motivo muito simples. Essa abordagem implica numa mudança cultural muito acentuada, na medida em que os dados nunca foram considerados ativos organizacionais, como foram o conjunto de imóveis de uma organização, a frota de seus veículos, as pessoas que lá trabalham, ou o maquinário existente. Esses tipos de recursos, classicamente considerados como ativos, sempre mereceram um olhar ou uma gestão particular, com estruturas, processos e gestores dedicados a eles. Com relação aos dados, somente agora, houve esse despertar. Com o crescimento da sociedade digital, o aparecimento dos conceitos de Big Data, o surgimento da Internet das coisas (IOT) e a portabilidade crescente, começou-se a repensar o problema. Com os dados circulando em yotta-volumes por smartphones, tablets, notes e agora por devices diversos, como utensílios domésticos (appliances)  e sensores, parece que, definitivamente, os dados passaram a merecer um olhar diferenciado. A tendência  é a que passem para um status de ativo organizacional, merecendo mais atenção, deixando o patamar de coadjuvantes de processos, onde sempre estiveram gerencialmente controlados, para ganharem uma visão de gestão própria. Isso, como se percebe, implica desafios grandes, na medida em que muda o sentido de propriedade e de uso desses elementos, outrora definido sem critérios organizacionais e sem políticas maiores. Em grande parte das empresas, adotava-se(ou adota-se) o “proprietarismo” e certa miopia gerencial com relação a esse fenômeno, o que sugere que o tema deverá ser bem intensamente discutido no âmbito organizacional, a partir de agora.
Por outro lado, na minha visão, agora também cresce a aplicação de abordagens de aprendizado e discussões interativas, com reuniões e recursos lúdicos, que permitem sessões ricas e não cansativas sobre tratamento de problemas organizacionais. Os métodos 5W2H usando Canvas e equivalentes do pensamento visual, trazidos inicialmente para discussão de modelos de negócios, gerência de projetos, proposição de valores, etc também podem ser usados para a discussão sobre dados, sua importância, seus valores e a possibilidade de sua gestão e governança com um foco mais organizacional. Reuniões dessa natureza, ricas em interações entre participantes e inserções lúdicas e visuais são ótimas para a discussão de problemas culturais solidificados, como os dados e os efeitos de seu “proprietarismo”. Esses métodos se juntam a outros, mais tradicionais, onde levantamentos são feitos, em entrevistas individuais ou grupo, para o entendimento particular de problemas e a proposição de soluções focadas. Isso tudo pode ser adotado como alternativas para se começar uma abordagem de Governança de dados sustentável numa empresa, evitando as falhas  que normalmente nascem nas definições de  propostas  “de cima para baixo”, em que não participaram os que estão diretamente afetados pelos problemas em discussão.

Uso do MGD Canvas e dos “P´s”  da Governança e Gestão de Dados
A prática de aplicação de abordagens visuais e colaborativas, centradas em discussão de vários grupos, em torno de modelos do tipo Canvas, é uma das propostas que adotamos. Elas se utilizam dos conceitos basais e centenários  de 5W2H, com os quais pode-se abordar qualquer tipo de problema, independentemente de sua área. O conceito de 5W2H foi aplicado nos anos 70/80 por John Zachman, quando criou os seus famosos frameworks, focados em arquitetura empresarial e arquitetura de sistemas de informação. Atrelado a isso, Zachman desenvolveu no seu framework a aplicação de técnicas de tradução de ideias abstratas em elementos materializados, criando matrizes de duas dimensões, que facilitam o seu pleno entendimento e a discussão em grupo. Essas técnicas foram recentemente aplicadas, com os devidos ajustes, em abordagens para discussão de problemas de negócios, de forma ampla. Surgiu com Business Model Generation, de Alexander Osterwalder e Yves Pigneur, seguido por Project Model Canvas, desenvolvido por José Finocchio Júnior e com outros, como Learning 3.0, de Alexandre Magno Figueiredo. Hoje há diversas proposições de Canvas para diferentes assuntos. O site canvanizer.com, por exemplo, permite o desenvolvimento de seus próprios Canvas para aplicações gerais, projetos de serviços, negócios e gerência de projeto. Aliado a isso, vivemos a época da comunicação e do pensamento visual, onde desenhos, croquis, gráficos e cartoons  são fortes aliados no processo de ilustração, transmissão e retenção de conceitos e ideias. No contexto de dados, ainda sem algo proposto nessa linha, desenvolvemos  três Canvas para uma abordagem visual e interativa, com o objetivo de discutir as aplicações de  conceitos de Governança e Gestão nas empresas:

1-O MGD-Canvas para Melhoria de Gestão de dados é uma abordagem baseada nos conceitos de 5W2H com o objetivo de facilitar discussões de problemas e aprendizados sobre os dados. Tem o propósito de fazer a primeira abordagem para se tratar aspectos de dados na empresa, levantando problemas de negócios gerados pelos eventuais “descontroles” que gravitam em torno desse tipo de recurso na organização. Muitos desses problemas de dados foram discutidos na Parte I, deste trabalho.
2-Canvas-P´s da Governança e Gestão de dados: É uma ferramenta complementar, usada juntamente com o primeiro, e tem o objetivo de registrar os conceitos “core” de Governança e Gestão de dados, coincidentemente manifestados em palavras começadas com a letra “P”. O primeiro, o  Canvas-MGD, vai conduzir a discussão do problema de negócios aos elementos estruturantes de dados, que serão  contextualizados nas práticas de Governança  e Gestão de Dados, detalhados neste segundo diagrama, com as especificações dos P´s. 
3-O UAAI-Learning, é um canvas voltado também para a discussão de temas gerais, baseado nos conceitos de 5W2H e inspirado no  modelo Learning 3.0, de Alexandre Magno Vasconcelos, da Happy Melly-BR. O modelo  foi modificado, com a inclusão de elementos de linguagem visual e do linguajar “mineirês”  e objetiva ser uma ferramenta que pode ser aplicada para a discussão mais particular de problemas, inclusive de dados, antecedendo ou sucedendo os anteriores. Por exemplo: “Por que adotar um CDO na nossa empresa?” , ou   “Problemas de “compliance” de dados na área do nosso agente regulador- Como mitigar”?  

É importante enfatizar que nenhuma ferramenta tem poder mágico de realizar transformações. Essas proposições, simples nas suas essências, estão aí para facilitar a aplicação dos conceitos de Governança e Gestão de dados. Mas não serão elas, por si só, as produtoras dessas soluções. O peopleware continua, como sempre mais importante.

A figura 02, mostra esses três elementos de Canvas que temos aplicados ao longo das consultorias e treinamentos em GD, com muito sucesso.


                                                Figura-02-Canvas-Governança e Gestão de Dados
                                               
A figura 03, mostra um exemplo de ilustração desenvolvido no exercício sobre os problemas de dados de um grande Museu de BH, ilustrando os 5W2H, num “cartoom” do autor. Observe que destacamos os principais tipos de dados observados no ambiente de um importante Museu de BH (What), com suas classificações(Mestres, Referenciais e Transacionais).Os outros W e H também aparecem, como Where, How,When( a estampa de tempo da visita, registrada pelo crachá com RFID, além de possíveis Why, How much e How many.


                                               Figura-03-Os 5W2 H-Museu de BH

Nos exemplos práticos, mostrados a seguir,  centraremos nos dois primeiros Canvas(MGD e P´s), com alguns conceitos herdados do UAAI-Learning. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário