No texto anterior,
falamos sobre os principais problemas de dados que ocorrem numa organização e ,
de maneira geral, algumas abordagens para tratá-los. A partir de agora,
continuaremos com a Parte II até a Parte VII, detalhando a aplicação prática de
Gestão e Governança de Dados nas empresas, e exemplificando com um caso real.
Na parte II falaremos da
introdução aos métodos de aprendizados baseados em 5W2H
Nas partes III e IV
falaremos sobre o Canvas MGD, tratando de todos os seus detalhes, com exemplo
prático
Nas partes de V a VII falaremos do Canvas do P´s da GD.
Conceito de GD:
Há dezenas
de definições sobre Governança de Dados. Para todos os gostos e visões. De
forma bem simplificada, a Governança de dados é um conjunto de práticas,
dispostas num framework, com o objetivo de organizar o uso e o controle
adequado dos dados, como um ativo organizacional. Seria, por assim dizer, uma
forma de botar ordem na casa com relação aos aspectos de dados, visando
disponibilidade, integridade, consistência, usabilidade, segurança, controle etc.
A figura 01 mostra, essa definição, fundamental para iniciarmos as discussões
sobre sua aplicação prática, destacando os P´s(conceitos) que embasam a Governança
de dados.
Figura-01-Governança e Gestão de Dados
Implantação de GD:
A
implantação de Governança de Dados numa empresa exige alguns aspectos de
cuidados, por um motivo muito simples. Essa abordagem implica numa mudança
cultural muito acentuada, na medida em que os dados nunca foram considerados
ativos organizacionais, como foram o conjunto de imóveis de uma organização, a
frota de seus veículos, as pessoas que lá trabalham, ou o maquinário existente.
Esses tipos de recursos, classicamente considerados como ativos, sempre
mereceram um olhar ou uma gestão particular, com estruturas, processos e
gestores dedicados a eles. Com relação aos dados, somente agora, houve esse
despertar. Com o crescimento da sociedade digital, o aparecimento dos conceitos
de Big Data, o surgimento da Internet das coisas (IOT) e a portabilidade
crescente, começou-se a repensar o problema. Com os dados circulando em yotta-volumes
por smartphones, tablets, notes e agora por devices diversos, como utensílios
domésticos (appliances) e sensores, parece
que, definitivamente, os dados passaram a merecer um olhar diferenciado. A tendência
é a que passem para um status de ativo
organizacional, merecendo mais atenção, deixando o patamar de coadjuvantes de
processos, onde sempre estiveram gerencialmente controlados, para ganharem uma
visão de gestão própria. Isso, como se percebe, implica desafios grandes, na
medida em que muda o sentido de propriedade e de uso desses elementos, outrora
definido sem critérios organizacionais e sem políticas maiores. Em grande parte
das empresas, adotava-se(ou adota-se) o “proprietarismo” e certa miopia
gerencial com relação a esse fenômeno, o que sugere que o tema deverá ser bem
intensamente discutido no âmbito organizacional, a partir de agora.
Por outro
lado, na minha visão, agora também cresce a aplicação de abordagens de
aprendizado e discussões interativas, com reuniões e recursos lúdicos, que
permitem sessões ricas e não cansativas sobre tratamento de problemas
organizacionais. Os métodos 5W2H usando Canvas e equivalentes do pensamento
visual, trazidos inicialmente para discussão de modelos de negócios, gerência
de projetos, proposição de valores, etc também podem ser usados para a
discussão sobre dados, sua importância, seus valores e a possibilidade de sua
gestão e governança com um foco mais organizacional. Reuniões dessa natureza,
ricas em interações entre participantes e inserções lúdicas e visuais são
ótimas para a discussão de problemas culturais solidificados, como os dados e
os efeitos de seu “proprietarismo”. Esses métodos se juntam a outros, mais
tradicionais, onde levantamentos são feitos, em entrevistas individuais ou
grupo, para o entendimento particular de problemas e a proposição de soluções
focadas. Isso tudo pode ser adotado como alternativas para se começar uma
abordagem de Governança de dados sustentável numa empresa, evitando as falhas que normalmente nascem nas definições de propostas “de cima para baixo”, em que não participaram
os que estão diretamente afetados pelos problemas em discussão.
Uso do MGD Canvas e dos “P´s” da Governança e Gestão de Dados
A prática de
aplicação de abordagens visuais e colaborativas, centradas em discussão de vários
grupos, em torno de modelos do tipo Canvas, é uma das propostas que adotamos. Elas
se utilizam dos conceitos basais e centenários
de 5W2H, com os quais pode-se abordar qualquer tipo de problema,
independentemente de sua área. O conceito de 5W2H foi aplicado nos anos 70/80
por John Zachman, quando criou os seus famosos frameworks, focados em
arquitetura empresarial e arquitetura de sistemas de informação. Atrelado a
isso, Zachman desenvolveu no seu framework a aplicação de técnicas de tradução
de ideias abstratas em elementos materializados, criando matrizes de duas
dimensões, que facilitam o seu pleno entendimento e a discussão em grupo. Essas
técnicas foram recentemente aplicadas, com os devidos ajustes, em abordagens
para discussão de problemas de negócios, de forma ampla. Surgiu com Business
Model Generation, de Alexander Osterwalder e Yves Pigneur, seguido por Project
Model Canvas, desenvolvido por José Finocchio Júnior e com outros, como
Learning 3.0, de Alexandre Magno Figueiredo. Hoje há diversas proposições de
Canvas para diferentes assuntos. O site canvanizer.com, por exemplo, permite
o desenvolvimento de seus próprios Canvas para aplicações gerais, projetos de
serviços, negócios e gerência de projeto. Aliado a isso, vivemos a época da
comunicação e do pensamento visual, onde desenhos, croquis, gráficos e
cartoons são fortes aliados no processo
de ilustração, transmissão e retenção de conceitos e ideias. No contexto de dados,
ainda sem algo proposto nessa linha, desenvolvemos três Canvas para uma abordagem visual e
interativa, com o objetivo de discutir as aplicações de conceitos de Governança e Gestão nas
empresas:
1-O
MGD-Canvas para Melhoria de Gestão de dados é uma abordagem baseada nos
conceitos de 5W2H com o objetivo de facilitar discussões de problemas e
aprendizados sobre os dados. Tem o propósito de fazer a primeira abordagem para
se tratar aspectos de dados na empresa, levantando problemas de negócios gerados
pelos eventuais “descontroles” que gravitam em torno desse tipo de recurso na
organização. Muitos desses problemas de dados foram discutidos na Parte I,
deste trabalho.
2-Canvas-P´s
da Governança e Gestão de dados: É uma ferramenta complementar, usada
juntamente com o primeiro, e tem o objetivo de registrar os conceitos “core” de
Governança e Gestão de dados, coincidentemente manifestados em palavras
começadas com a letra “P”. O primeiro, o Canvas-MGD, vai conduzir a discussão do
problema de negócios aos elementos estruturantes de dados, que serão contextualizados nas práticas de Governança e Gestão de Dados, detalhados neste segundo
diagrama, com as especificações dos P´s.
3-O
UAAI-Learning, é um canvas voltado também para a discussão de temas gerais,
baseado nos conceitos de 5W2H e inspirado no
modelo Learning 3.0, de Alexandre Magno Vasconcelos, da Happy Melly-BR.
O modelo foi modificado, com a inclusão
de elementos de linguagem visual e do linguajar “mineirês” e objetiva ser uma ferramenta que pode ser
aplicada para a discussão mais particular de problemas, inclusive de dados,
antecedendo ou sucedendo os anteriores. Por exemplo: “Por que adotar um CDO na
nossa empresa?” , ou “Problemas de
“compliance” de dados na área do nosso agente regulador- Como mitigar”?
É importante
enfatizar que nenhuma ferramenta tem poder mágico de realizar transformações.
Essas proposições, simples nas suas essências, estão aí para facilitar a
aplicação dos conceitos de Governança e Gestão de dados. Mas não serão elas,
por si só, as produtoras dessas soluções. O peopleware continua, como sempre
mais importante.
A figura 02,
mostra esses três elementos de Canvas que temos aplicados ao longo das
consultorias e treinamentos em GD, com muito sucesso.
Figura-02-Canvas-Governança e Gestão de Dados
A figura 03,
mostra um exemplo de ilustração desenvolvido no exercício sobre os problemas de
dados de um grande Museu de BH, ilustrando os 5W2H, num “cartoom” do autor.
Observe que destacamos os principais tipos de dados observados no ambiente de
um importante Museu de BH (What), com suas classificações(Mestres, Referenciais
e Transacionais).Os outros W e H também aparecem, como Where, How,When( a
estampa de tempo da visita, registrada pelo crachá com RFID, além de possíveis
Why, How much e How many.
Nos exemplos
práticos, mostrados a seguir, centraremos
nos dois primeiros Canvas(MGD e P´s), com alguns conceitos herdados do
UAAI-Learning.
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