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quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Os 10 principais problemas em projetos de BI e a Governança de dados(GD).


Fiz a 4 grandes amigos/parceiros e excepcionais profissionais de BI(Priscila Matuck, da Unimed-BH, Gideão Neri, da Nexx Tecnologia e coordenador de BI do Hermes Pardini, Marcelo Lamounier, da MG-Info, especializada em serviços de BI para grandes empresas e Rafael Piton, um dos principais nomes do Agile BI & Analytics no Brasil) uma simples pergunta : Quais são os principais problemas que vocês enfrentam(na vida real), implantando grandes projetos de BI? O meu objetivo, neste texto, é alinhavar esses fatores apontados pelos especialistas de hoje, com os aspectos de Governança de dados que temos desenvolvido e verificar como a GD pode influenciar positivamente num projeto de BI.  Houve respostas que variaram, mas a maioria convergiu. Para cada uma delas, estabeleci o racional abaixo, sobre como um Projeto de BI e as propostas de GD se alinham, na mitigação e resolução de problemas:

1) Falta de patrocinador forte em projetos de BI
Considerações: Em muitas empresas, os projetos de BI nascem por inspiração da gerência tática ou operacional e não necessariamente de uma estratégia alinhada e definida pelos negócios. Uma das grandes ações da GD é estabelecer uma estrutura, onde stakeholders importantes participem das decisões de “dados” da empresa. O P do Patrocínio(um dos P´s da GD, conforme definimos, já há tempos) é um dos mais fortes elementos para a implementação de GD. A presença de uma área forte de GD certamente vai alavancar soluções em direção a projetos de dados estratégicos e BI é um deles. O patrocínio de GD se reflete no patrocínio de BI e de outros projetos de Dados, como MDM, Qualidade, Segurança, Compliance, etc.

2) Há uma falta de clareza ou conhecimento das regras de negócios
Considerações: As regras de negócios, num ambiente de GD devem estar definidas num Glossário de negócios, repositório central onde dados e definições organizacionais habitam, diferentemente dos Dicionários de dados, mais focados no plano físico. As regras de negócios, que envolvem dados básicos ou derivados estarão definidas, com uma semântica comum à organização, ou com suas variações consentidas e consensadas. Nessa Plataforma(outro P da GD), residirão os dados, mantidos por definições de gestores de dados das diversas áreas organizacionais, que participam de Comitês de gestão de  dados, onde diferenças semânticas são resolvidas e convergências obtidas.

3) O BI é uma camada vitrine e por vezes apresenta dados com erros
Considerações: Esse é o mais clássico dos problemas de dados de BI. O famoso Garbage-in->Garbage-out. Como a camada de BI é predominantemente transformadora dos dados transacionais, mestres e referenciais, os seus resultados serão diretamente proporcionais à qualidade dos dados encontrada na organização. A GD(Governança de dados) atua fortemente atrelada às áreas de gerências de dados, como BI, BD,MDM, Qualidade,etc. A GD, neste relacionamento,  funciona como um ente legislativo e judiciário dos dados, enquanto as respectivas áreas de gerências(BI, BD, Qualidade, etc), tem o papel da camada executiva. Se, por Políticas(outro P da GD), há a definição de que os dados de certos domínios deverão passar por Processos(outro P da GD) de Profiling de dados, resultará que estes, quando chegarem às portas do BI, estarão com maior probabilidade de qualidade nas suas diversas dimensões(integridade, completude, precisão,etc). Dessa forma, a GD, por Políticas fortes, pode antecipar a mitigação/detecção de problemas de dados e processos, minimizando o fenômeno garbage-in/garbage-out.

4) As empresas ainda desconhecem o potencial das ferramentas e muitas compram essas tecnologias  por impulso, ou por sedução de marketing. E olhe que essas tecnologias são caras...
Considerações: A GD ajuda a definir, no âmbito das diversas gerências, o conceito de Políticas, conforme já referenciado aqui. Políticas são regras normativas  e direcionadoras que foram definidas, por consenso, em função de princípios estabelecidos na organização. Políticas relativas à aquisição de ferramentas e tecnologias de dados certamente estarão presentes nas empresas com maior maturidade em Governança e Gerência de dados. Normalmente há políticas atreladas a Dados Mestres, BI, Qualidade de dados, Segurança, etc e , dentre elas, algumas que regulam a escolha e aquisição de ferramentais daqueles domínios. Há mais de 40 anos na área, já vi várias ocorrências de empresas que compram ferramentas e depois  perguntam o “porquê”.

5) O BI é uma função de Negócios ou de TI?
Considerações: Com a chegada da GD, há uma forte tendência de se deslocar a responsabilidade sobre os dados para as áreas de negócios. Os dados pertencem sim, ao negócio. Isso, entretanto, não deve restringir uma forte participação da TI como custodiadora técnica dos dados(onde eles são armazenados, protegidos e controlados fisicamente). Para isso, a GD define os papéis de Gestores de dados de negócios(aqueles da área de negócios, próximos do Owner dos dados, que são os que tem responsabilidades/accountability sobre eles). Para isso também a GD define, com a TI, os gestores técnicos/operacionais de dados(DBA´s, analistas de BI) e esses dois grupos em conjunto (Gestores de dados de negócios e Gestores de dados técnicos)  buscam a harmonia da melhor solução.

6) Por vezes os gerentes/usuários das áreas clientes do BI não tem a perfeita noção do que precisam; às vezes querem algo como as planilhas excel com as quais estão acostumados a trabalhar.
Considerações: Aqui reside o problema da eterna lacuna do “Why”. Dentre os elementos do 5W2H, o Why é um dos melhores indicadores e deve ser sempre o primeiro a ser perguntado. A GD, quando existente na empresa, tem na figura dos Gestores de dados de negócios(residentes nas áreas de business) os grandes guardiões do Why. Por conhecerem bem o negócio naqueles domínios onde gravitam e por serem gestores de dados com formação, tornam-se fundamentais para alinhar o desejo de suas gerências com a efetiva necessidade dos negócios da área.

7) Por vezes o BI é implantado mas a sua utilização não é efetiva ou torna-se muito mais um custo(liability) do que uma solução.
Considerações: Aqui pode-se pensar no P (de Performance) da GD. A Performance é a medida efetiva dos resultados produzidos pela implementação de uma abordagem de GD(Governança e Gerência) de dados. Advém da antiga máxima de que só se gerencia o que se mede. A implantação de um Sistema de dados(BI, MDM,QD,etc) deverá vir sempre lastreado por Políticas que definam a sua real utilização, em pró do negócio. Alguns motivos citados acima, podem justificar o baixo uso/efetividade do BI. O importante é a monitoração desta performance, para se entender os reais motivos e ajustá-los, caso possível, ou aprender as lições para o próximo projeto de BI. Ferramentas mal avaliadas, Requisitos de BI pobremente definidos, qualidade de dados que afetam a credibilidade dos indicadores, podem ser detectados e transformados em lições futuras.

8) Faltam definições claras sobre a semântica dos dados e as responsabilidades sobre eles.
Considerações: Este é um dos grandes objetivos da GD. Definir formalmente responsabilidades (e accountability-responsabilidade final) sobre os dados. Cada elemento de dados fundamental da empresa(ou um conjunto deles, ou a Entidade mestre relativa a eles), terão um gestor responsável. Esse profissional será o gestor daquele dado, trabalhando com o Owner do dado(normalmente a unidade organizacional onde o dado é originado ou mais impactada pela sua qualidade). A responsabilidade implica na manutenção correta dos metadados acerca dele (de dados e de processos), bem como todos os cuidados relativos a qualidade do seu conteúdo. Os elementos de BI, como dados básicos ou métricas derivadas (Tabelas Fato), regras de derivação, hierarquias de dimensões com seus atributos, regras de transformações e conversões, são dados/metadados que compõem esse portfólio de responsabilidade dos gestores de dados.

9)Há nítidos erros na confecção de modelos dimensionais de dados.
Considerações: Os erros de modelos dimensionais poderão ser tratados e mitigados pela GD através de Políticas de treinamento de dados, bem como de aplicação de processos e procedimentos(outros P da GD) de QA-Quality assurance, ou garantia da Qualidade, que constarão de revisões técnicas de verificação e validação. Um QA aplicado com método, melhora a qualidade dos artefatos/insumos de um projeto de BI. 

10) Por vezes o BI entrega algo que o cliente não quer ou não vai usar ou as entregas podem levar meses ou ano.

Considerações: Há claros ganhos na adoção de métodos ágeis em Projetos de BI, pelas características de maior aproximação de usuários com a solução em desenvolvimento. Sprints menores, com entregas definidas garantem esses ganhos. A presença dos gestores de dados de negócios na equipe de Scrum, potencializa essas melhorias, pela comunicação estabelecida, pela documentação correta dos elementos de BI nos glossários de negócios e pelo maior comprometimento e coesão da equipe TI e de negócios.  

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