Total de visualizações de página

domingo, 4 de dezembro de 2016

Gerente e Regente-As sutilezas de um anagrama

Domingo das cores de Abril. Praça da Liberdade, céu azul de soneto, Orquestra Sinfônica e repertório dos Beatles. Melhor combinação, pra quê? Encosto numa das palmeiras imperiais da Liberdade. Gigantesca, tronco firme, mal cuidada, com o verde da esperança, bem distante, lá longe, lá no topo...Parece o Brasil. Pessoas se aglomeram. Repertório aberto, será que tocarão Anna? . Provavelmente não... Olho de lado e vejo que pessoas pisam na grama... Ana, grama...esquisito, não é? Acho que meu hipotálamo tá querendo dizer algo, sei lá.. Presto atenção no palco, embora com ângulo desfavorável. De repente olho o maestro. O regente. Maestro, regente, anagrama de gerente. Ok, entendi... Thks cerebelo...Assim, me pus a pensar na diferença entre eles: o regente e o gerente. Os dois conduzem pessoas da sua equipe aos seus objetivos nobres e finais, cada qual na sua especialização. Um coordena o projeto, o outro a flauta doce. Um se vale do cronograma , o outro da partitura. Um segue o código Java e o outro os da clave de Sol. Muitas coisas comuns alinhavam esses dois personagens. Há, entretanto, uma diferença fundamental. O Regente tem propensão a destaque de bateria. Se posta como uma atração em separado, fisicamente à frente da equipe, embora de costas para o público. Não sei se por necessidade técnica , mas o regente tem todo um gestual de corpo, próprio dos grandes exibicionistas. Aponta a batuta com movimentos suaves e flutuantes de braço e tronco , que chamam a atenção para si e discretizam os verdadeiros heróis da equipe, que são os músicos. Apaga o clarinetista da cena, desaparece virtualmente com o pianista do palco e se transforma no foco visual do espetáculo. O bom gerente, por sua vez, se mimetiza na equipe que coordena. Sua presença, mais do que vista, é somente sentida. Coordena pelo conhecimento, conduz pelos detalhes da presença e a sua batuta é a força das palavras e o magneto do seu olhar. Quando observa a sua equipe, o gerente deve ser somente mais um da orquestra. Ouso dizer que aqueles músicos da Sinfônica de domingo tocariam “Yesterday” sem a presença do regente. Mas nunca, o regente faria aquela apresentação sem os músicos.... É, faz sentido... Gerente, deve ser mais mestre e menos maestro e muito menos regente com tiques de destaque. ...Here, there and everywhere... 

Nenhum comentário:

Postar um comentário