Pensar em Governança e gestão de dados nas startups e nas
médias e pequenas empresas, tem algum sentido? Essa pergunta, com traços de certa
ousadia e provocação, pode causar indagação, na medida em que se observa que
tais práticas (GD) estão acontecendo, na esmagadora maioria das vezes, em
“grandes empresas” lá fora. Aqui no Brasil, o conceito de GD está ainda sendo
pensado em poucas empresas, normalmente grandes, mostrando toda a sua
incipiência, com “c”. Por outro lado, essa provocação poderia ser também considerada
uma boa oportunidade, a fim de atiçarmos o assunto, desde cedo, falando para os
pequenos empreendedores sobre a importância de se cuidar dos dados. Seria uma
espécie de aconselhamento de base, digamos mais profilática, a fim de se
evitar, no futuro, os problemas que já começam a aterrissar em grande parte das
empresas por ai. O absoluto descontrole sobre os dados atuais, potencializado pela
chegada dos fenômenos Big Data e IoT(Internet das Coisas). Esse assunto(GD para
PME´s e startups) ainda não chegou ao
palco de discussões nos EUA, pelo menos nos seminários e eventos de que tenho
participado e também acompanhado. Mas entendo que há espaço para tal. A Fumsoft
tem uma das mais importantes aceleradoras do Brasil e a ideia surgiu dentro
desse contexto, quando, por algumas vezes, fui convidado para falar para os
pequenos empreendedores sobre Big Data, por exemplo. Claro que eles chegam
ávidos por saber qual o melhor Banco de dados NOSQL ou se Hadoop e Spark são
opções excludentes. Nesses encontros, aproveito a oportunidade para falar um
pouco mais para os colaboradores que formam uma empresa emergente, sobre esse
ponto crucial de pensar os dados, um pouco mais conceitualmente e atrelado aos
negócios. Só depois é que deveríamos discutir a sua morada física nas estruturas
mais adequadas de Big Table, Chave-Valor, Documentos ou Grafos complexos,etc,etc.
Isso, claro, não é trivial, pois uma startup está mesmo querendo, por motivos
óbvios, é uma solução imediata de seus problemas. Nesse contexto, profilaxia e
prevenção não são as maiores prioridades. Coordeno na Fumsoft, um grupo de
consultores em Processos e Dados e já há planos para fazermos algo mais formal
para essa meninada brilhante e inovadora, abordando conceitos de Gestão e
Governança de dados para esse tipo de empresa. E a pergunta, que não se cala é
: Empresas Startups, micro e pequenas, não precisam cuidar dos seus dados? Essa
é a provocação central. Não seria no mínimo profilático instilar as ideias
sobre a importância dos dados e de certo nível de controle sobre eles, a fim de
que as empresas, depois da fase “placenta”, já tenham certos procedimentos
mínimos de controle desses ativos? Para contextualizar devemos lembrar que 94%
das empresas no Brasil são PME. Na Europa, segundo Moll(2013), constituem
99,8%, assim distribuídas: 92,2% são micros com de 1 a 9 funcionários, 6,5% são
pequenas com de 10-49 empregados e 1,1% são médias, com de 50 a 249 empregados.
As grandes empresas ocupam 0,2% das empresas europeias. Assim, se restringirmos
o debate de Governança, Gestão e Qualidade de dados ao ambiente de grandes
empresas, estaremos tratando do assunto num ciclo bastante reduzido e perdendo
uma excelente oportunidade de melhorarmos os contextos de dados, nas empresas
que, pequenas hoje, poderão ser grandes amanhã. Claro, e seria desnecessário
dizer que, esse tipo de empresa, por características de organizações nascentes, tem uma série de limitações de
pessoal e de recursos gerais. Claro que
essas empresas se encontram ainda em formação, buscando o seu caminho na
esteira balançante das tentativas e erros. Claro que os seus processos estão
ainda sendo escritos e reescritos, na medida em que erros e tropeços surgem no
meio da trajetória, no melhor estilo lean-startup. Mas e daí? As empresas não
podem ter uma planilha/ou umas páginas num “google sites” que faça o papel de
seu glossário de negócios, contendo descrições de grandes conceitos de dados,
envolvidos no seu business? Ou ter ali o conjunto de padrões definidos para
nomes, processos, métricas, etc, associadas a dados? Esses conceitos de dados,
diferentes dos processos que ainda estão em gestação, podem ser estáveis. Uma empresa startup não poderia ter
um modelo conceitual de dados, definido e documentado, pregado na parede contendo
os principais blocos de dados do seu business? Não poderia ter uma visão
simplificada, porém documentada, da arquitetura envolvida naquele sistema /aplicativo,
que gerencia Taxis, Personal trainers, ou Personal stylists?. Não poderia ter uma
visão ligeiramente mais bem documentada sobre segurança dos seus dados, acessos
e pontos críticos sobre privacidade? Ou de “compliance” de dados do seu produto
ou dela própria, com relação à Incubadora ou Aceleradora onde reside? Uma empresa que adota o lean-startup, por
exemplo, onde a viabilidade mínima
de um produto (MVP) é buscada visando
oferecer soluções para um mercado ou cliente ainda incerto, precisa de medidas
para alcançar esta visão. E medidas, nada mais são do que dados definidos,
coletados, armazenados, analisados e disponibilizados. O DMM(Data Management
Maturity Model) do CMMI Institute(hoje ISACA), contempla processos para
medições de dados, que passavam meio distantes no Dama-DMBOK1. Uma governança de
dados digamos, otimizada, rápida e enxuta, conforme discutido anteriormente,
poderia ser perfeitamente experimentada nesse contexto, que normalmente já usa
preceitos de agilidade, na fase de desenvolvimento. Recentemente foi lançado no
Brasil o livro “Governança Corporativa para pequenas e médias empresas”, pela editora
LTR. O livro, escrito por vários autores, coordenado por Bernardo Portugal e
organizado por Lúcia Zimmermann, trata de algo próximo disso. O livro aborda os
conceitos da Governança Corporativa de forma geral e através desses elementos,
observa-se uma forte e potencial conexão
com a Governança de dados. Os conceitos pilares de Governança Corporativa, como
Transparência(disclosure), Equidade(fairness), Prestação de
contas(Accountability) e Conformidade(Compliance) não poderão prescindir dos
dados e informações geridas sob a ótica da dimensão de qualidade e de certa
lupa mais controlada de gestão e governança de dados. Desses quatro elementos,
a Prestação de Contas e a Conformidade estão fortemente associadas aos aspectos
de dados em dimensões de disponibilidade, integridade, segurança, clareza, etc,
conceitos presentes nas melhores práticas Dama-DMBOK e DMM. Esse assunto será
desdobrado em futuras discussões que pretendemos realizar na Fumsoft, em
conjunto com os emergentes de lá. Lembrando sempre do que nós ouvíamos quando
meninos: “É de pequenino que se torce o
pepino”....
Blog que objetiva a discussão de conceitos de Governança e Gestão de Dados com os serviços de DM (Data Management) associados(Arquitetura,Modelagem de dados,BD,DWBI,MDM,DNE,Qualidade de dados,Metadados,etc) Também aspectos de maturidade via modelos MPS.BR,CMMI(ambos para Eng de SW) e DMM (Dados), além das novas formas e influências dos dados na sociedade digital.
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