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sábado, 16 de janeiro de 2016

O estado atual da Governança e Gestão de dados nos EUA-10


#15-Governança de Dados ou Governança de Informações?

Com a evolução dos conceitos sobre como gerenciar os dados, algumas dúvidas semânticas se mostram recorrentes: É sobre Dados ou sobre Informações que pretendemos implementar um programa de Governança? Embora haja definições diferentes para dados(estrutura elementar da cadeia informacional, que será transformada em informação no patamar seguinte) e informação(semântica e contextualização dos dados para geração de fatos), a governança de dados tem se confundido com a governança de informações, quando a visão é o controle desses recursos. Se analisarmos a literatura mais recente sobre os dois temas vamos notar  que há livros, por exemplo, com títulos com as duas definições. Entretanto se você mergulhar nos conteúdos deles(já fiz isso em vários)  vai observar que a temática é absolutamente a mesma. Numa pesquisa rápida na Amazon (Janeiro/2016) encontramos aproximadamente 20 livros com títulos contendo as palavras “Data Governance” e uns 7 ou 8 com as palavras “Information Governance”. Esses últimos, estão na maioria das vezes associados com aspectos de riscos, segurança, “aderência/compliances” e litígios em aspectos de dados, conforme mostram também alguns artigos do Gartner Group, disponíveis na internet. Isso, entretanto não conduz a nenhuma conclusão definitiva, na medida em que contextos de riscos, segurança de dados, etc também se encontram expressos nos modelos DAMA e DMM, por exemplo, centrados na palavra “Data”. No Brasil há publicados dois livros que versam sobre esse tema e ambos usam a expressão “Governança de Dados”. O primeiro , de minha autoria (BI2-Modelagem e Qualidade), lançado em 2011-Editora Elsevier, embora com o título sobre BI2-Inteligência de negócios, tem um capítulo todo dedicado ao tema (Governança de dados). O outro, de autoria de Bergson Rego, de 2013, da Editora Brasport, tem o seu conteúdo diretamente atrelado à Gestão e Governança de dados. Outros livros sobre Governança de Dados, como o de David Plotkin (Data Stewardship-An  actionable guide to effective data management and data governance -2014), discutem e apontam os diferentes tipos de data stewards(gestores de dados),  atuando em todas as fronteiras da empresa. Há os enterprise data stewards, businesss data stewards, domain data stewards, project data stewards, technical data stewards e operational data stewards. Isso, de certa forma, demonstra que o conceito de gestor de dados, inseparável do de governança de dados, perpassa os diversos segmentos da empresa, indo do negócio ao operacional. A própria DAMA-Dama Management Association, tem no “core” do seu diagrama, o conceito de Governança de dados. Os modelos de maturidade, como DMM do CMMI Institute, também tem uma categoria de Governança de dados, com um processo chamado Gerência de Governança. Alguns autores internacionais, como Sunil Soares, têm livros nos dois lados: há o “Big Data Governance”, da MC Press-2012, mostrando a influência da palavra Big em conjunto com governança de dados. Há também outro, cujo título é  “Selling Information Governance to the Business”, da MC Press-2011, já com o uso de “governança”  acoplado com  a palavra  “Information”. Com o surgimento dos grandes volumes produzidos na sociedade digital, houve a  então criação da “Big Data Governance”, mantendo a tendência para o lado “data”. Não há publicação ou referências  sobre “Big Information Governance”. O surgimento dos CDO-Chief Data Officers, como papéis que objetivam a gestão e governança dos dados de toda organização, trazendo no seu título a palavra “data”, também ilustra a percepção de que o sentido de dados governados é amplo e abrangente chegando, na realidade, até às informações, no segundo degrau da escala dado-informação-conhecimento e sabedoria. Há entretanto alguns autores que acentuam a diferença entre as duas linhas, advogando uma abordagem separada. A argumentação é, de forma reduzida,  que quando há um sabor mais voltado para o “negócio”, estaríamos falando de “Governança de informações” e quando estivermos falando de “tecnologia”, estaríamos com “Governança de dados”.  Expandindo-se, pode-se dizer que caso estejamos definido Políticas para uso adequado (dos dados), seu valor de negócios, sua semântica em glossário de negócios, o seu ciclo de vida com definições sobre retenção e “disposal”,  análise de riscos pertinentes ao seu uso/retenção indevida, aspectos de “compliance/aderência” com  entidades regulatórias , litígios em função de dados, além de “ownership” da informação, o domínio seria da “Governança de informações”. Se, por outro lado o foco fosse um pouco mais físico, operacional, preparatório e basal, como políticas sobre metadados, linhagem, qualidade/limpeza, de-duplicação, níveis de serviços, segurança, impactos de mudanças, etc,  o caso estaria no âmbito da Governança de dados. Essa divisão tem sobreposições claras, com alguns pontos morando na interseção dessas duas fronteiras: Os aspectos de segurança e privacidade circulam nessa região, bem como outros pontos como  mapeamento de dados/metadados e retenção e eliminação de documentos com armazenamento/ operações de dados.
Essa dicotomia tem aspectos positivos pois estratifica uma visão processual em duas camadas diferentes, mas exige alguns cuidados. O perigo dessa estratégia  é que ela venha a sugerir estruturas funcionais e papéis diferentes, o que pode, no início, dificultar a adoção do Programa de Governança. Se a  implementação de Governança de dados(numa visão mais abrangente/holística) já é um desafio muito grande, imagine implementar as duas governanças em sabores diferentes, caso haja a necessidade de separação estrutural/funcional. No resumo da ópera, em prol da praticidade, o conceito de dados e de informações, no contexto de Governança e gestão, deve, na minha visão, ser inicialmente intercambiáveis. Pode até haver processos diferentes, como certamente haverá, mas tudo estaria sob o cone de uma única Governança de Dados inicial. Empresas mais amadurecidas, talvez numa segunda geração de DG (Data Governance) poderão separa-la, criando uma estrutura de IG(Information Governance). Lembre-se que a nossa área de Informática é uma das linhas da ciência mais prolificas na criação de novos vocábulos. A TI sofre de “vocabulite semântica em grau elevado”. Muito disso se dá, pela necessidade de se produzir certos tons de diferenças, o que na nossa indústria de consultoria e aconselhamento tecnológico , pode significar indução a novidades ou oportunidade de negócios e não necessariamente diferenças significativas a serem observadas. Pense nisso, pense prático...

Referências:
1-Differences between Information Governance and Data Governance-You Tube, disponível em : www.youtube.com/watch?v=CpohoQcApoc. Acesso em 11 jan. 2016.
2-Informatica Blog, disponível em :blogs.informatica.com/2014/09/03/information-governance-vs-data-governance-who cares/#fbid=PdxJV4o2rcm. Acesso em  11 jan. 2016. 
3-Plotkin, D. Data Stewardship-An actionable guide to effective data management and data governance. MK-Elsevier, 2014.

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