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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Métodos Ágeis ou MPS.BR/CMMI ? Por que não os dois?

Recentemente, com Isabella Fonseca, da Powerlogic, participei do seminário Maré de Agilidade, onde se discutiu, dentre outras coisas, a aplicação de modelos ágeis. Fui com o estrito objetivo de trincar alguns tabus extremistas que sugeriam a incompatibilidade dos dois modelos.
Tecnologia e metodologia não devem ter torcida, não devem inspirar rivalidade, mas sim serem usadas como ferramentas que nos ajudem a alcançar objetivos nobres. Paixão indiscutível não é compatível com métodos e ferramentas. Isso se ajusta mais com política, futebol e religião. Quando expressa nos domínios da engenharia de software, a paixão denota muito mais imaturidade do que habilidade e mais estilo ginasiano do que conduta profissional. A MPB nos dá exemplo de junções de coisas aparentemente inconciliáveis. Os irreverentes do J.Quest e Skank criam colorações ágeis e modernas com as velhas e belas baladas rítmicas de Roberto e Erasmo Carlos.
Algumas percepções desenvolvidas pelos agilistas a respeito dos modelos CMMI /MPS.BR acabaram definindo uma meia verdade sobre a impropriedade da proposta para o desenvolvimento de sistemas nos dias de hoje. Embora ainda retenham uma parte desse teor mais tradicional, cada versão lançada tem procurado evoluções a fim de oferecer novos arcos de opções. Processos iterativos têm sido aplicados no MPS.BR em muitas das mais de 200 empresas certificadas. Assim, embora a genética inicial fosse para sistemas com estilo cascata, não há rigorosamente nada hoje que impeça, via modelo, a aplicação de ciclos de vida mais iterativos na construção de produtos incrementais a bordo do MPS ou CMMI. Se fizermos uma tomografia da "anti-empatia" mútua entre agilistas e estruturados, perceberemos que a falta de informação tem sido um dos grandes fatores de ruído nessa arena. Os exageros acontecem de ambos os lados: a percepção errada dos estruturados de que os métodos ágeis não são controlados é uma delas. Embora seja uma abordagem mais libertária, o Scrum não prescinde da disciplina. A idéia de que o "daily scrum" perde em efetividade é abobrinha pura. Tenho 40 anos de estrada em TI e isso, rigorosamente, não me faz melhor do que os que estão por aí. Sou só uma testemunha mais atenta de decisões simplistas sobre o melhor das tecnologias e metodologias. Pura perda de oxigênio. Esses exageros de agilistas e estruturados, gerados por distorções, ruídos e paixões em nada contribuem para uma visão possível de perfeita e pacífica coexistência entre as propostas. Colocações pejorativas encontradas em listas de discussões, empobrecem a discussão das idéias: os “cascateiros” (para aqueles que usam o modelo cascata, com uma mensagem subliminar de enganadores), ou "prestidigitadores" (para aqueles que usam a "agilidade" de camelô para criar ilusões rápidas e passageiras) são de uma imaturidade infanto-juvenil que inibe uma convivência possível, que existe e não é de hoje. Desde 2005, existem relatos de iniciativas de aproximação. A experiência da Powerlogic, empresa referência em modelos ágeis, na implementação do nível C (CMMI-N3) é eloquente. O MPS.BR, planeja para 2010 o Guia MPS voltado para modelos ágeis.
A questão é de se buscar um ponto de equilíbrio existente entre as propostas, de forma a preservar seus atributos seminais e desenvolver soluções que permitam uma empresa buscar um modelo de maturidade sem abandonar por completo, preceitos culturais estabelecidos. E isso é plenamente possível na aproximação MPS.BR + Métodos Ágeis. Sem cascateiros e prestidigitadores!

Um comentário:

  1. Muito bom o texto, professor.

    O que mais sinto falta nos relatos é de detalhes das implementações. Coisas concretas mesmo, como quais artefatos foram produzidos, como isso foi mantido, se a rastreabilidade foi eficiente, etc.

    Será que a Sofitex não poderia divulgar um exemplo, ou poderiam ser apresentadas sugestões para atender as exigências dos modelos?

    Att,
    Willi

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