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quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Bahamas e os planos de contingências

Publicado em 1999, no CW

(*) Dedicado ao amigo Haroldo Barcelos, que nos deixou em 2001.

Seminário para definição final de procedimentos Y2k das empresas afiliadas da Southern Company. Vamos lá. Local: Freeport, capital da Grand Bahamas, região dos mares de vidros azuis esverdeados do Caribe. Época: final de Agosto, considerada a ideal para o nascimento dos furacões tropicais. Nas salas do Princess Tower, discutíamos os planos de contingências para o projeto do Bug nas 20 empresas coligadas(das quais a Cemig era uma ), que estariam fazendo um grande ensaio geral nos dias 08 e 09 de Setembro. No salão, discutia-se o check-list das ações contingenciais , caso o besouro surja imprevistamente na virada do ano. Plantões em unidades operacionais com o máximo de pessoas experientes, documentação concisa e prática, canais de comunicação devidamente testados e disponíveis em 4 graus de tecnologias alternativas . Tudo ok.
Na TV, o anuncio assustador de Dennis, que se aproximava da região, com o jeitão furioso de um furacão classe 3. A CNN apresentava aquelas animações de nuvens nervosas e espessas, dançando em círculos, num rito de espera das grandes ventanias. Os hotéis começavam a mostrar nos seus saguões, gráficos com a rota ameaçadora de Dennis e as previsões de chegada em Freeport do seu sopro infernal para o sábado(data marcada para nosso retorno a Miami), Estávamos justamente ali para discutir contingências. Com as palmeiras das ilhas já devidamente escoradas , os reforços de janela sendo comprados como pão quente, iniciamos o nosso plano de ação para retornarmos antes de sermos apresentados pessoalmente a Dennis. Aviões lotados, claro. Todos os americanos já com suas passagens marcadas, embarcando na 6a feira. Os dois brasileiros(eu e o saudoso Haroldo Barcelos(*)) estavam com vôo marcado para sábado, pela manhã, quando Dennis visitaria a ilha. Sexta feira, terminado o seminário, vamos eu e o Coordenador do Plano de Contingência da Cemig para o aeroporto de Freeport, tentarmos o impossível. Encontrar 2 passagens em qualquer artefato voador que nos levasse para os lados seguros do BaySide, na sonhada Miami do art-deco. Encontramos as últimas. Uma passagem, perfeitamente endossável, é trocada imediatamente, sem qualquer questionamento pela atendente. A outra, a minha, com uma tarifa de liquidação, não poderia ser endossada. Plano de contingência acionado: Cartão de crédito sacado e compro a última passagem existente. Pela TV, já em Miami, assistimos a chegada furiosa de Dennis. Plano de contingência é algo que todos devemos pensar , independentemente do bug. Esse será um dos grandes ganhos colaterais que as empresas terão após a virada de 1999, que, espero, será serena como um final de tarde alaranjado nas Bahamas.

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